ALFENA E OS 'INCENDIÁRIOS'...
Regresso ao 'assunto do momento' em Alfena - a construção que está a decorrer na confluência das Rua e Travessa do Viveiro e Rua de Baguim - para dizer o seguinte:
Ao contrário das 'três frentes' da moradia, existem neste processo dois lados que têm todo o interesse em procurar uma plataforma mínima de entendimento, razoável, legal e socialmente aceitável.
Uma das partes sabe-o e assumiu-o desde início: o executivo actual da Câmara, muito embora o imbróglio tenha sido criado no mandato anterior. A herança que sobrou dos 20 anos de desastre de Fernando Melo e João Paulo Baltazar, traduz-se num nível de litigância de tal forma elevado, que tudo o que possa ser feito para evitar litigâncias novas deve ser feito.
A outra parte é investidor e dono da obra que tem de conseguir perceber que nem tudo o que lhe dizem alguns amigos, que não se pondo em causa que sejam verdadeiros mas que podem no não estar na posse de toda a informação, deva ser encarado como susceptível de fazer jurisprudência.
Pode até suceder que num caso ou outro eles não estejam a ser totalmente isentos, seja porque tenham participado directamente ou por interposta influência de amigos comuns no processo decisório e agora tudo tentarão para evitar a exposição pública de algumas 'debilidades processuais', seja apenas porque a mera hipótese de a Câmara em tese poder vir a ser condenada já constitua para eles suficiente motivação para lançarem achas para uma fogueira em que nunca se queimarão.
O investidor tem de ser capaz de fazer apelo a um suplemento de assertividade que vá no sentido de se colocar por um lado, no papel dos vizinhos da sua obra para quem a Câmara foi bem mais exigente em processos semelhantes e por outro, no do cidadão comum, peão, eventualmente portador de deficiência, carregando as compras da semana - que nem todos temos carro e só agora as Finanças anunciaram a 'factura da sorte'(!) - ou conduzindo um filho pela mão, todos com tanto direito à segurança como qualquer morador das zonas mais nobres e mais centrais da nossa cidade.
Claramente de fora, deverão ficar os (eventuais) - e muito activos - interessados em acertos de contas relacionados com recentes e mal sucedidas experiências autárquicas mais ambiciosas, também esses claramente não isentos e ainda por cima parciais nesta forma de invocarem o respeito pela legalidade.
Recorrer desde logo a uma entidade externa - a CCDR-N - ainda por cima com uma deficiente fundamentação, foi claramente um 'erro de casting' do presidente da Junta de Freguesia e dos seus apaniguados!
Aquilo que o actual executivo da Câmara está a tentar, assentava que nem uma luva no seu papel de 'autarca de proximidade', só que colidia irremediavelmente com o já referido acerto de contas...
A litigância é sempre dolorosa e só devemos recorrer a ela em última instância.
No caso em questão, acho que ainda não chegamos a esse ponto - para desgosto de Arnaldo Soares.