ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE VALONGO - ASSIM NÃO!
O problema é recorrente mas parece que ninguém vê - ou não quer ver - e resume-se assim:
Primeiros 30 minutos do período de 'antes da Ordem do Dia' é uma espécie de passeio pela avenida, onde uns poucos mas bem falantes - no sentido quantitativo do termo - mostram aos outros como é belo o seu discurso - tão belo que não resistem mesmo num ou noutro caso a repeti-lo - deliciando-se a eles próprios e todos aqueles que se vêm sem opção, reduzidos ao papel de ouvidores, com a fluidez do verbo que lhes flui da boca e da alma com tamanho vigor que até o tempo desiste de os controlar e quem controla o tempo, parece que também...
Porém, há um alarme a que nem mesmo o letárgico Regimento resiste: o sinal da meia hora a lembrar que dura lex, sed lex, logo, todos aqueles que já estão a hiperventilar na organização das ideias para a intervencão que imaginam ser a sua, podem passar à posição de 'pausa' até a um hipotético 'depois da Ordem do Dia'.
Pelo meio, ficará uma extensa, sensaborona e 'mal amanhada' compilação de assuntos. E mal medida e mal avaliada também, que se estava mesmo a ver que acabaria na 'rua da betesga' - como o tal Rossio...
E chegados ao beco de nenhuma saída, isto é, ultrapassada a linha do tempo em que a Assembleia passou a ser a de 'ontem' e a parte que falta já é de 'amanhã', duas soluções habitualmente se colocam: Votar a continuação do massacre ou reiniciá-lo em próximo round a combinar.
Tem sido quase sempre - e hoje quase que era também para ter sido - escolhida a primeira modalidade, isto é, optar pelo 'passo de corrida' até meio da madrugada, falando a correr de tudo o que falta dizer e olhando para os outros com ar claramente ameaçador se eles se atrevem a querer dizer também alguma coisa.
Porém, há dias em que até esta má opção resulta impossível e foi isso que aconteceu hoje.
Para lá da 1 hora da manhã, os mais cansados - por sinal quase todos aqueles que se tinham cansado a falar - consideraram que não seria justo permitir aos outros que se cansassem também eles um pouco, propondo por isso o tal segundo round.
Para daqui a dois ou três dias? - perguntar-se-à o cidadão comum. Nada disso! Tamanha maratona exige um intervalo mais generoso para que quem falou demais recupere do esforço e quem não disse o que precisava reconsidere e equacione ficar calado.
E é aqui que surge uma demorada negociação entre o presidente da Assembleia e alguns donos de agendas muito respeitáveis, mas em que todos se esqueceram que todos e em todos os grupos podem ser substituídos em todas as impossibilidades.
"Não, no dia 'X' não posso mas posso no dia 'Y'.
Pois...
Por este andar, as sessões da Assembleia Municipal não tardarão a ser expurgadas do período de 'antes da Ordem do Dia' - aquele em que os eleitos podem falar sobre as questões não agendadas e discutidas nas 'reuniões de representantes', mas tantas vezes tão ou mais importantes do que essas - e passarão a estar confinadas à agenda do executivo ou dos tais representantes.
Assim não! - digo eu que sou só um 'eu'...
Se queremos manter um mínimo de dignidade e dar ao Órgão Assembleia Municipal a importância que ele deve ter, decidamos de uma vez por todas duas coisas: Limites para a Ordem de Trabalhos - já foi provado até à saciedade que o Rossio não cabe na rua da betesga - e um procedimento uniforme para os casos em que mesmo assim sobre assunto e falte tempo. Por exemplo, estabelecendo como regra que o desdobramento da sessão se faça num dos 5 dias seguintes.
Sendo certo que o Regimento prevê ainda a realização de Assembleias extraordinárias...
Ah! já me ia esquecendo! Alguém não tem agenda nos tais 5 dias seguintes? Como dizia o outro "temos pena"! O camarada que está a seguir na lista, ou então o que está a seguir ao que está a seguir, talvez possam...
Resumindo e concluindo:
A continuação desta sessão ficou agendada para o dia 15 de Maio à mesma hora.
Podia ser de outra forma? Poder até podia, mas não seria a mesma coisa. Espero que a Mesa leve o microondas, sendo que mesmo assim se vai notar o sabor a requentado...