Na mesma carta, Celestino Neves critica José Manuel Ribeiro que, alega, não está a cumprir as promessas que efectuou na campanha eleitoral. Mal-estar já era conhecido O mal-estar entre Celestino Neves e José Manuel Ribeiro ganhou contornos públicos quando o primeiro assinou uma carta aberta, na qual não poupou nas críticas ao presidente da autarquia valonguense. Cerca de um mês depois, Celestino Neves avança para a ruptura completa. Numa carta que enviou ao edil, Celestino Neves começa por alegar que o caminho que trilhou com José Manuel Ribeiro antes das eleições autárquicas de 2013 "se transformou rapidamente em beco sinuoso e sem retorno", sobretudo por culpa de José Manuel Ribeiro que "rapidamente o hipotecou antes do 'pim-pam-pum' que o fez optar pelo trilho de sentido único, rumo a lugar nenhum". "Mudar Valongo foi para si, portanto, uma estratégia encenada, que você obviamente nega, recorrendo ao argumento falacioso de que nunca se comprometeu com um prazo para fazer a mudança, como quem diz que 'até ao lavar dos cestos é vindima'", escreveu Celestino Neves. Em seguida, o membro da Assembleia Municipal concretiza as razões do seu descontentamento, defendendo que José Manuel Ribeiro "manteve - e reforçou até num ou noutro caso - as posições de algumas figuras-chave sobejamente conhecidas – e não pelas melhores razões - dos mandatos anteriores, algumas envolvidas mesmo em processos-crime relacionados com corrupção devidamente sinalizados e num caso até, já com uma primeira sentença condenatória em tribunal". A "completa hibernação de todos os processos referentes a ilegalidades urbanísticas" é outro dos motivos avançados por Celestino Neves. "Por outro lado, em vez do esperado reforço da transparência e de uma gestão amigável e aberta e voltada para os cidadãos, manteve a 'tradicional' opacidade, a dificuldade de sempre na consulta de processos ou na obtenção de informações", acrescentou. Eleito nas listas do PS, o mesmo partido que sustenta o edil, Celestino Neves pergunta, por fim, o que é feito da prometida "auditoria rigorosa à Câmara", da "situação actual da concessão das águas de Valongo" e da "famosa construção da ARCA (Associação Cultural e Recreativa da Retorta). "Fica difícil manter-me no seio de um grupo que aceita ser subjugado e desrespeitado da forma que acabo de descrever e cuja posição na votação final do PDM na Assembleia Municipal você até decidiu como vai ser: voto favorável e com imposição de disciplina de voto", conclui. O VERDADEIRO OLHAR tentou obter uma reacção do presidente da Câmara Municipal de Valongo, mas José Manuel Ribeiro não quis comentar a renúncia de Celestino Neves. |