DEPOIS DOS INCÊNDIOS, O DIREITO Á R-E-V-O-L-T-A!
O País ardeu durante o dia de ontem - literalmente!
Foi o pior de todos os dias dos pelo menos 11 anos em que o País já ardeu. 500 fogos a lavrar ao mesmo tempo e com os meios aéreos menos musculados, mas sobretudo impedidos de actuar na maior parte das situações por força das condições de visibilidade, tentar virar para a vertente de combate a principal responsabilidade do que se passou é, no mínimo idiota!
Das várias imagens que nos chegam das várias televisões e de muitos particulares, podemos constatar isso sim muita incúria criminosa, muito desleixo, muita irresponsabilidade. A todos os níveis, começando pelas autarquias que não fazem o que devem - não têm feito e continuarão a não fazer se não as castigarem com a força de um valente varapau que merecem - dos empresários que aceitam pagar impostos, derramas e tudo aquilo que lhe sacam por via de todas as tributações criativas e não exigem ter condições de segurança à volta das suas empresas, sobretudo as que se situam em Parques ou Zonas Industriais!
(Parêntesis para referir uma reportagem que vi na SIC Notícias por volta das 10:30 numa empresa metalúrgica que ardeu em Braga e onde se podiam ver os eucaliptos - seguramente de outros donos - quase a entrarem-lhes pelos portões adentro).
Em Valongo e em especial na minha terra que é Alfena estivemos ontem cercados de fogo até tarde da noite.
A Escola Secundária do Lombelho esteve ameaçada e não sei mesmo se não chegou a ser chamuscada e o Polo II/UDA do Centro Social e Paroquial esteve vigiado por Bombeiros e Escuteiros, na iminência de se ter que proceder a uma evacuação...
Não vou aqui relatar as muitas intervenções que tenho feito - nas reuniões públicas de Câmara, na Assembleia Municipal de que fiz parte até há pouco - as dezenas de fotografias que fui captando aqui e ali e em todo o lado e nada do que era preciso fazer foi feito.
Colocar a tónica portanto apenas na vertente do combate e no que eventualmente terá falhado ao longo dos últimos episódios e tenha ontem mais uma vez falhado é redutor e não é por aí!
"Reformas estruturais da Floresta" legislação restritiva e/ou orientadora sobre o "destino das madeiras ardidas", "organização do cadastro florestal" e outros aspectos importantes do que que não se tem feito e não sei se agora se vai fazer, tudo isso é importante, mas não chega!
O DIREITO À REVOLTA - por parte das populações ao nível individual, ao nível das empresas, das Instituições - é o que falta fazer e TEM DE SER LEVADO À PRÁTICA!
Independentemente da propriedade dos terrenos que não são limpos ou onde de forma criminosa e desorganizada são plantados eucaliptos, os moradores de um bairro ou núcleo de habitações, a empresa ou grupo de empresas, a Instituição de solidariedade, a pequena ou grande superfície comercial, etc., etc. no próximo ano e logo no seu inicio, têm de se organizar, de colocar os seus funcionários, os seus colaboradores, os seus utentes, de formar grupos de voluntários e depois e em força, LIMPAREM!
Limparem e de seguida, levarem o resultado da operação - tudo ou em quantidades simbólicas mas significativas - para a porta da suas Câmaras, para a escadaria, para a porta do presidente, para a entrada do gabinete municipal da protecção civil!
(Lembro as faixas laterais de 10 metros ao longo das estradas municipais e Nacionais - quem circule pelo Concelho de Valongo por exemplo, sabe do que estou a falar)!
Como nota final...
Desde Pedrogão e ontem novamente e com muita insistência, ouve-se dizer que Portugal está em guerra e que é preciso incinerar os incendiários - a frase é minha.
Prendam-se pois os incendiários, os negligentes, os gestores da EDP que permitem que os cabos toquem as copas das árvores, etc., etc.
Mas essa guerra deve correr em paralelo com a GUERRA DA INCOMPETÊNCIA AO NÍVEL DO PODER LOCAL DEMOCRÁTICO E CUJOS REPRESENTANTES ELEITOS, HÁ ANOS QUE SE REVEZAM E SENTAM OS RESPECTIVOS CUS ANAFADOS NAS RESPECTIVAS CADEIRAS E A QUEM NINGUÉM TEM RESPONSABILIZADO SUFICIENTEMENTE ATÉ AQUI.'