E PORQUE 'NÃO HÁ DUAS SEM TRÊS', OU MAIS - A ANALOGIA DO 'REBENTA-MINAS'...
Eu que fui um dos combatentes em causa alheia - Moçambique, 1970/1972 - uso muitas vezes a analogia do 'rebenta-minas' para me referir à forma de abrir caminho através de um qualquer 'trilho armadilhado' - ainda que apenas simbolicamente...
Um dos principais perigos com que a tropa se debatia quando tinha de se movimentar nas difíceis picadas usando viaturas de transporte, eram as minas colocadas no caminho.
A difícil e demorada progressão fazia-se geralmente através de uma de duas formas: com um grupo de 'picadores' apeados à frente da coluna, tentando localizar os engenhos enterrados, sendo que a primeira viatura era a que corria maior risco de detonar algum deles que tivesse passado à 'picagem'. A outra forma, que permitia obter algum incremento na velocidade de progressão, era dispensar o grupo apeado e colocar acoplado à frente da primeira viatura uma 'zingarelho' improvizado semelhante a um daqueles cilindros da construção civil para compactar pavimentos, o qual ao pisar o engenho, detonava o mesmo, ficando normalmente reduzido a um monte de sucata.
Esta solução comportava dois problemas: o primeiro era que numa mesma viagem, às vezes se destruía várias vezes o 'zingarelho' obrigando à sua 'reparação' vezes sem conta e até não poder mais. O segundo, era a possibilidade - não muito frequente' - de se encontrarem engenhos temporizados que deixavam passar a primeira, ou às vezes mais viaturas até finalmente explodir.
Ora bem...
Aqui em Alfena e como é do conhecimento de (quase) todos os valonguenses, trava-se já há alguns anos uma verdadeira guerra de guerrilha entre um perigoso grupo de garimpeiros ilegais e as forças da lei - alí para os lados do novo aeroporto internacional da Fonte da Prata...
Da mesma forma que no exemplo da 'guerra do ultramar', também os garimpeiros/terroristas do grupo Novimovest concluíram que estavam a perder demasiado tempo com a progressão apeada naquela 'picada' imensa a seguir à Chronopost, tendo decidido há cerca de um mês, mais coisa menos coisa, mudar de táctica e colocar algum incremento na progressão, recorrendo ao 'zingarelho' Jerónimo Martins.
Nos tempos que correm, todas as promessas sobre a criação de emprego são música para os ouvidos do Povo, Povo esse que às vezes representa um verdadeiro campo armadilhado para aqueles que se dedicam ao 'tráfico', ainda que apenas urbanístico, pelo que nada melhor para 'desarmadilhar' o Povo do que recorrer ao 'rebenta-minas/zingarelho' emprestado pelo merceeiro-mor de Portugal, Polónia e outras colónias de aquém e além-mar da Europa e arredores.
A Jerónimo Martins e a sua 'plataforma logística' estão portanto para o Povo de Alfena como estava o improvizado 'zingarelho' das picadas de Cabo Delgado em Moçambique para as nossas tropas, sendo que este último permitia às 'forças do bem' progredirem com alguma segurança iludindo os 'terroristas', enquanto o primeiro tem o efeito nefasto e inverso: permite a progressão dos traficantes e obriga as forças do bem a regredir.
O actual presidente da Câmara de Valongo pode não gostar da analogia, pode até não entender o verdadeiro significado da mesma, ele que não passou pela experiência traumática da 'guerra do ultramar', mas a verdade é que lhe acoplaram à viatura de serviço o dito 'zingarelho' e o colocaram na cabeça da coluna a abrir caminho naquela picada imensa a que os alfenenses chamam o seu aeroporto. Atrás, confortavelmente instalados nas limusinas blindadas e climatizadas, seguem os garimpeiros da Novimovest/Santander, sendo que na cauda da coluna e devidamente protegido, vai o carro do dinheiro - 16 milhões de Euros de mais-valias, obtidos na garimpagem ilícita e mafiosa efectuada nos terrenos REN, RAN e equiparados com a assessoria técnica do então vereador José Luís Pinto e do 'prospector' Jaime Resende.