ESSE TEU JEITO MANSO...
Como eu temo esse jeito manso que tu tens de te insinuares, de ires entrando de fininho como se eu alguma vez te tivesse dito “toma-me nos teus braços, faz-me desfalecer, faz subir a escala dos graus centígrados em que se costuma medir o calor do meu corpo, me faz variar e dizer coisas sem nexo”.
Qual ‘servo-freio’ dos travões dos carros, o teu amplexo pressiona e alivia de forma pendular, fazendo-me oscilar entre o calor e o frio (como o consegues fazer não sei, mas é isso que acontece).
No início ainda ouso zombar de “quem me avisa e meu amigo é” mas lentamente, a tua persistente envolvência acabará por levar a melhor.
(A não ser que de uma vez por todas eu resolva dar ouvidos a quem me prescreve de forma desinteressada e generosa uma solução que – dizem – ‘é tiro e queda’ e que dá pelo nome de ”suadouro de quatro joelhos”.
Há ainda uma variante mais lenta, mas parece que igualmente eficiente, sugerida por outros e designada por “avinha-te, abifa-te e abafa-te”.
Por enquanto ainda estou na fase de fazer de 'machão' e me atrever a troçar de todos eles, mas acabei de ouvir na TV que “o pico da gripe está para chegar” e começo a convencer-me cada vez mais que com tantos amigos a teimarem de forma generosa em me aconselhar, será uma tremenda de uma desconsideração não levar a sério os seus conselhos...
(Escrito às 21h17 deste dia primeiro do ano da graça de 2017, quando o termómetro regista 37,6 graus)