MONÓLOGOS DE VALONGO - "ESPELHO MEU, ESPELHO MEU..."
(Foto: Verdadeiro Olhar)
Ontem foi dia de reunião pública de Câmara, descentralizada, na cidade de Ermesinde e pela primeira vez, a uma hora decente para aqueles que durante o dia trabalham 'noutras actividades'...
Tivemos um auditório do Fórum Cultural de Ermesinde bem composto, o que é positivo e merece ser assinalado.
Como quase sempre acontece, o ponto 'antes da Ordem do Dia' foi o mais 'interessante' e a parte mais interessante do 'interessante' foi, como quase sempre também, o 'interessante' (primeiro) monólogo do presidente da Câmara a propósito da expropriação do Estádio de Sonhos em Ermesinde.
Ficamos a saber que o secretário de Estado da Geringonça lhe telefonou uns dias antes da publicação em Diário da República da decisão administrativa de expropriação e também ficamos a saber que José Manuel Ribeiro 'teve o cuidado de lhe agradecer a atenção'.
Ficamos ainda a saber que não vamos ficar a saber muito mais sobre (eventuais) melhoramentos no espaço desportivo dos Montes da Costa (desde início associado ao litígio com a IMOSÁ no que toca ao Estádio do Ermesinde) e que há muito carece de intervenção urgente.
Vencida a aridez habitual da ordem do dia, veio a intervenção do Público.
Como primeiro de três inscritos, lá tive de voltar 'à vaca fria' com os seguintes assuntos:
- Ponto de situação relativo à intenção de ceder um terreno municipal junto ao nó da A41 à Associação dos Motards de Alfena, um terreno que tendo resultado de cedências nos termos da Lei para a construção da urbanização onde situa entre outros o Restaurante O Teles, tinha (tem) como finalidade a implantação de equipamentos públicos.
Este assunto teve desenvolvimentos através do envio à Câmara de um abaixo-assinado e de várias Reclamações Fundamentadas visando impedir o executivo de avançar nesta intenção a todos os títulos inexplicável.
"Confirmo a recepção dos documentos referidos e o gabinete de assuntos jurídicos está a apreciar o assunto no sentido de responder aos reclamantes e eventualmente avançar com a decisão para a Assembleia Municipal" - José Manuel Ribeiro dixit.
- Abaixo-assinado dos moradores da Rua Nossa Senhora do Amparo exigindo uma reunião com a Câmara para serem ouvidos e lhes serem dadas explicações relativamente ao que foi acordado com a Jerónimo Martins sobre a forma como o troço até ao largo da Codiceira vai ser intervencionado.
Resposta 'chapa cinco' de JMR: "Já dei todas as explicações que tinham de ser dadas, inclusive, enviei cerca de 150 cartas para as moradas dos subscritores do abaixo-assinado".
(Sobre a Deliberação apresentada por mim na última sessão da Assembleia Municipal relativa ao mesmo assunto e aprovada por maioria, "solicitando ao executivo que antes de iniciar qualquer intervenção no terreno envie a este Órgão a deliberação tomada em reunião de Câmara sobre o referido aditamento ao contrato de urbanização (...) bem como o parecer da CCDR-N (...) os detalhes sobre o tipo de perfil previsto (...), sobre isto, JMR disse... nada).
- Problemas (graves) de saneamento com a descarga directa de efluentes domésticos de uma série de habitações em Alfena (Rua da Boavista é um dos aglomerados que há muitos anos vem sendo referido) para o Rio Leça sem que a Câmara obrigue a concessionária BeWater (antes a Veolia) a fazer o que deve.
Pela voz do vicé-presidente Sobral Pires, "está prevista uma intervenção no decorrer do segundo semestre para resolver uma das mais graves situações com que nos debatemos".
Vamos lá ver - esperando que não nos aconteça como ao cego...
- O último ponto de que falei, foi o da Protecção Civil Municipal, cujo comandante operacional gosta muito de aparecer em eventos e até de ajudar a organizá-los, mas que não se sente especialmente atraído pelo 'trabalho no terreno'.
Sugeri ao presidente da Câmara que mandasse instalar na viatura de serviço do senhor comandante um ar condicionado capaz para que ele (eventualmente) se possa sentir mais motivado "a tirar o cu do assento e a sair mais vezes do gabinete" (sic) vindo por exemplo, ver o que se passa com a apropriação indevida de faixas de servidão e corta-fogo entre alguns armazéns na zona industrial do Barreiro em Alfena - onde aliás, já ocorreram ao longo dos últimos anos vários incêndios graves.
(Sim, porque nem só com os incêndios florestais nos devemos preocupar).
José Manuel Ribeiro preferiu no entanto 'chutar para canto' dando apenas algumas explicações inócuas relativamente ao trabalho da Protecção civil e dos Bombeiros na gestão de faixas combustíveis, limpeza de matos e prevenção de incêndios florestais.
Sobre esses, ainda é cedo para falarmos, JMR!
Esperando que o Setembro quente que se avizinha não queime muito mais do que já queimou até este momento, lá para o final do mês ou início de Outubro, vista o seu melhor fato ignífugo porque as 'chamas' vão ser altas!
Por fim...
Depois de uma intervenção muito crítica do presidente anfitrião desta reunião de Câmara, o Luís Ramalho, tivemos a oportunidade de nos deliciarmos com o mais longo e mais enternecedor monólogo de José Manuel Ribeiro em torno das questões colocadas por Luís Ramalho.
E como fala bem o nosso ´prefeito imperfeito' - sobretudo que se ouve a ele próprio sem os riscos de um 'incómodo' contraditório!
Começou de mansinho, como aqueles carros antigos que demoram um bocadito até atingirem a velocidade de cruzeiro, mas depois de 'lá chegar', via-se-lhe na cara que estava a adorar ouvir-se.
Falou das realizações do seu mandato, falou de futuras realizações do seu mandato e falou do tempo que resta do seu mandato para eventualmente fazer tudo o que disse que tinha intenção de fazer mas ainda não fez no que já leva de mandato.
E falou de milhões também...
Dos cerca de 11 que o município vai receber de fundos comunitários e que vão ser fundamentalmente alocados a Valongo...
Terminado a ternurenta conversa consigo próprio e com os seus botões, ninguém lhe respondeu à letra - ninguém lhe pôde responder, porque Regimento é Regimento e apesar de todas as (in)verdades e (im)precisões, a barreira regimental é para JMR um verdadeiro muro de arame farpado que não vale a pena sequer tentar transpor para as desmontar.