"NÃO SOMOS TODOS IGUAIS" - PASSOS COELHO DIXIT...
Se há pessoas relativamente às quais me sinto à vontade para dizer o que se segue, uma delas é José Sócrates.
Durante muito tempo andei por aqui a escrever coisas pouco agradáveis sobre a personagem, ou melhor, sobre as suas inúmeras malfeitorias, sobre a sua personalidade truculenta, sobre os vários contornos da sua desgovernação...
Durante algum tempo fui um seguidor atento e um apoiante quase incondicional do Blog 'Do Portugal Profundo' e do dono do mesmo, o professor António Balbino Caldeira, que o transformou em 'personagem principal' dos seus post, ou seja, numa espécie de 'inimigo de estimação' que mantém até hoje e por via disso, teve de enfrentar nos tribunais várias queixas interpostas pelo 'engenheiro ora filósofo e ora também, escritor para consumo próprio' - ao que dizem...
Mas esta quase consensual forma de 'bem querer' à personagem, partilhada aliás por um elevadíssimo número de portugueses, não me tolda a capacidade de avaliação relativamente àqueles que se lhe seguiram e só fizeram pior que ele - bem pior, infelizmente!
O Povo costuma dizer a propósito, que "atrás de mim virá quem bom de mim fará"...
Pela parte que me cabe, não faço uma leitura demasiado simplista e literal deste ditado popular, pois tenho a certeza de que neste caso concreto, o que ele significa é que desprezamos as outras opções - e elas sempre existiram e continuarão a existir! - "entre o desastre e a catástrofe" e optamos pela última. E temo-nos dado tão mal!
Mas calma aí! Antes que alguém comece a retirar ilações abusivas desta afirmação, digo já que a parte em que estivemos muito mal não foi aquela em que nos esforçamos para correr com o engenheiro/filósofo através das muitas manifestações, greves, lutas das mais diversas, escrita contundente - António Balbino Caldeira, eu próprio e tantos e tantos outros, fizemos o melhor que pudemos - mas aquela em que elegemos "a catástrofe"!
Aqui chegado, é tempo de fazer uma incontornável referência à detenção de José Sócrates...
Apesar de estar livre de queimar as minhas mãos por ele - antes pelo contrário - não gosto do que tenho visto ao longo destes quase 3 dias de 'folclore' mediático e quase pornográfico.
Se José Sócrates estivesse a ser julgado pelos seus (eventuais) crimes eu até transigiria, mas não é isso que está a ocorrer: o que o Juiz Carlos Alexandre está a fazer é simplesmente um interrogatório exaustivo e uma avaliação de eventuais indícios recolhidos ao longo de - ao que dizem - um ano de investigações do Ministério Público, no sentido de decidir se, em que moldes e com que medidas de coacção associadas acusa José Sócrates - e demais detidos.
Será que para alcançar este desiderato a Justiça não podia optar por outros procedimentos?
Será que José Sócrates não poderia ter sido seguido discretamente até casa ou ao hotel e aí ser formalmente intimado a comparecer no DIAP em dia e hora indicados?
Será que não havia forma - neste e noutros casos semelhantes - de trocar as voltas aos abutres da imprensa e das TV's de sarjeta e dos paparazzi que sempre lhes andam associados?
Por último, é estranho, mesmo muito estranho, á que seja necessário ser 'ex-qualquer coisa' para poder ser detido e eventualmente acusado de qualquer coisa - ex-primeiro ministro ex-presidente da República, ex-presidente do clube da águia ou do 'alguidares de baixo'...
A terminar, aquela que eu considero a 'frase do século', proferida por Passos Coelho a propósito da detenção de José Sócrates:
"Hoje, eu acho que vale a pena dizer, que não somos todos iguais(...)"
Oh! Pedro! É claro que nós sabemos: comparando o desastre e a catástrofe, a última é 'menos igual'...
Ocorre-me a propósito, a resposta daquela prostituta ao cliente deputado da Nação e alegadamente honesto: "(...) e eu também sou virgem"...