O MEU 'GRITO DE REVOLTA' NO JORNAL "A VOZ DE ERMESINDE"
Citado pelo Jornal "A Voz de Ermesinde":
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Deputado municipal independente do PS critica a política autárquica socialistaEm carta aberta datada de 10 de junho, o deputado municipal independente Celestino Neves (vindo da Associação Coragem de Mudar e eleito nas listas do PS) afirma a sua impaciência e «revolta», em texto que achamos importante divulgar independentemente da nossa posição sobre os assuntos abordados, já que se toca em matérias desta e de anteriores gestões autárquicas, matéria muito séria que deve ser escrutinada pela comunidade sem o recurso quer à acusação quer à desculpa fácil, texto esse que a seguir reproduzimos e de que, embora devidamente corrigido do original, conservamos a grafia anterior ao acordo ortográfico que também, ao contrário de “A Voz de Ermesinde”, o autor defende. «Esta 'carta aberta' é um grito de revolta! Sabendo embora que não há gritos em diferido, tive no entanto em conta a relação especial que eu e o Dr. José Manuel Ribeiro conseguimos estabelecer durante a intensa campanha eleitoral de Setembro passado, obrigando-me por isso a impor a mim próprio estas cerca de 24 horas de diferimento entre o momento em que o 'soltei' – e o partilhei com ele – e este em que estou a colocá-lo online (...) O José Manuel Ribeiro, atarefado que anda com as múltiplas iniciativas externas à Câmara e que o têm impedido de começar a governar, não teve tempo sequer para me retribuir as várias tentativas de contacto que fiz, no sentido de obter uma reacção sua relativamente às causas implícitas e explícitas do meu profundo descontentamento. Liguei-lhe ontem a informá-lo do que pretendia fazer e enviei-lhe logo a seguir por e-mail – para 'visto prévio', como lhe expliquei (o tal período de diferimento) – o texto que agora publico. Como ele não dava 'sinal de vida' tentei ao longo do dia de hoje contactá-lo pelo menos duas vezes, tendo recebi dois SMS de retorno: o primeiro dizia "ligo-lhe mais tarde" e o segundo "Estou numa reunião!". Pelo meio ficou ainda um pedido ao seu adjunto para que lhe lembrasse o meu interesse em falar com ele. Ligou-me há pouco. Falamos uns longos minutos, mas no fundamental não se alterou o tipo de apreciação que cada um de nós faz relativamente ao assunto. Como é evidente, estamos os dois condenados a continuar a 'partir pedra' em torno da governação da Câmara e mais tarde ou mais cedo um de nós vai achar que o outro é que tinha razão... Uma coisa é certa, o meu "assédio" nunca visou – como se perceberá pelo texto – meter nenhuma 'cunha' nem obter alguma benesse pessoal mas apenas contribuir de forma responsável para a salvaguarda do carácter genuíno do nosso projecto para Mudar Valongo. Exmo. senhor presidente da Câmara Municipal de Valongo, caro Dr. José Manuel Ribeiro, começo por lhe dar conta de que ainda conservo as duas t-shirts da nossa intensa campanha de 2013. Devidamente higienizadas evidentemente, que os altos e baixos das ruas e caminhos das nossas duas vilas e três cidades não são fáceis e obrigaram-nos durante aquele intenso período da campanha da Mudança, a suar as estopinhas'. A verdade, caro Zé Manel, é que de forma precavida eu tenho também preparada a virtual corda para colocar no pescoço. Tal como Egas Moniz, eu não me dou bem com as falsas promessas e há-de convir que lado a lado em 2013, nós prometemos muito. Promessas sempre validadas como exequíveis nas nossas inúmeras e muito intensas reuniões de trabalho e anunciadas com a pompa e circunstância que os momentos mais solenes nos impuseram. Ao contrário de si e da sua equipa, a mim incomoda-me o incómodo dos nossos concidadãos e sobretudo, incomoda-me que se sintam incomodados por nossa causa. Sim, porque em Setembro eles acreditaram maioritariamente que falávamos verdade quando lhes prometemos que iríamos Mudar Valongo! Lamentavelmente, entre as nossas promessas e a nossa prática – o que era possível fazer e o que nós tornamos possível e fizemos de facto – há um fosso imenso que nos questiona. Claro que conheço a asserção 'já a formiga tem catarro'. Por isso os meus reparos, melhor dizendo, as insistentes críticas que fui formulando ao longo destes últimos meses, aconteceram sempre de forma reservada e contida. A busca de protagonismo nunca me moveu nem me moverá jamais, você sabe bem isso. O exacto contributo que o meu trabalho significou para a sua eleição, só os mais próximos o conhecem e não me compete a mim falar sobre ele. Muito menos agora, a partir desta posição crítica! Mas porque não deve existir crítica sem motivo, ser-me-á exigido que o expresse, sob pena de me colocar no mesmo patamar dos que sem motivo o vêm criticando – La Palisse não diria melhor... Caro Zé Manel, você herdou uma Câmara onde não havia nada e havia tudo. Eu explico: Não havia dinheiro mas havia muito onde o gastar. Não havia Orçamento bastante, mas havia muitas dívidas encobertas para as quais o mesmo é e continuará a ser chamado a dar provimento. Não havia trabalho em prol dos munícipes, mas havia uma máquina imensa capaz de o realizar. E podia ir por aí adiante entre o 'nada e o tudo' que havia na nossa Câmara, velha de 20 anos de corrosão – corrosão e corrupção... Você tinha de facto vontade de mudar tudo isto, caro Zé Manel. Eu posso garanti-lo e testemunhei essa enorme vontade ao longo do intenso e muito gratificante contacto porta a porta, rua a rua, lugar a lugar em todas as freguesias e cidades que compõem o nosso Concelho na campanha de 2013. Mas convenhamos caro presidente, que a máquina que lhe meteram nas mãos nunca podia ser parte nessa mudança! Pelo menos sem inúmeras afinações, sem 'alinhar rodas e direcção', sem trocar peças contrafeitas por peças que nos possam garantir que não ficaremos na estrada à espera de reboque. Não foi isso que você fez. Nem você nem o seu navegador – e como nós conhecemos bem o quão importante é para qualquer piloto de provas ter um bom navegador! Porém, você é uma pessoa atenta e facilmente daria pela impossibilidade que acabo de referir, adoptando as medidas necessárias para a ultrapassar, logo àqueles a quem não interessava o seu envolvimento demasiado intenso nos assuntos da governação impunha-se direccionar a sua atenção para outras frentes. Externas, obviamente, que pessoas atentas e empenhadas era o que menos interessava à tal máquina contrafeita. Elaboraram-lhe um apelativo cardápio para quase todos os dias da semana e até mesmo para os outros, com festas disto, daquilo e daqueloutro, provas desportivas e equiparadas que vão da 'bisca-lambida' ao 'todo-o-terreno' passando evidentemente por coisas mais sérias e colocaram-lhe atrás um grupo de violinos para animar a caminhada. E aí foi você para o terreno, qual 'sempre em festa' de outras histórias do nosso imaginário mais ou menos próximo, que não lhe assenta bem, mas que serve bem os interesses de quem o quer longe dos assuntos da Câmara. Nunca a nossa Câmara se envolveu em tantas iniciativas culturais, recreativas, socio-culturais e sócio-recreativas como nestes últimos sete meses. Alguns, os directamente interessados sobretudo, dirão que 'ainda bem'! 'Ainda mal' digo eu no entanto! Quando não podemos fazer tudo, devemos fazer apenas tudo o que podemos!
Caro Zé Manel, você tem andado demasiado tempo na periferia da Câmara. Dividido entre o Conselho de Administração da Lipor, o Conselho Metropolitano do Porto e outros cargos de representação por inerência, entre a comissão política do seu Partido e todas as outras acções da campanha fora de tempo em que o PS se envolveu e os tais percursos 'com os violinos atrás', você não tem tido tempo para nós. Nem para nós, nem para a família nem sequer para si próprio. Você tem-se cansado sem benefício e como diria o outro, 'não havia necessidade', porque você deveria desde o início ter sabido delegar o que pode ser delegado e não ter delegado nunca o que à partida nunca o deve ser. Você tem pois de fazer urgentemente o contrário de tudo isto!
OS VALONGUENSES PRECISAM...
Os valonguenses precisam de ser informados sobre a real dimensão da nossa 'dívida oculta' – todas as pendências espalhadas pelos Tribunais e que resultaram da gestão corrupta de Fernando Melo e João Paulo Baltazar e que a pouco e pouco têm vindo e vão continuar a desabar sobre as nossas cabeças! Números, precisamos urgentemente de conhecer os números e também a margem de risco a eles associada, isto é, a probabilidade mais ou menos próxima de eles se transformarem em prejuízo para todos nós! Os valonguenses precisam de ouvir de si as razões que o têm levado a manter nos respectivos lugares de chefia, ainda que com carácter transitório, muitos dos directamente envolvidos na gestão danosa da nossa Câmara e que foram, em muitos casos, parte activa nos actos de corrupção que ao longo dos últimos 20 anos fomos conhecendo. Quanto mais não seja, para podermos aquilatar da ponderação que será atribuída pelo respectivo Júri à eventual candidatura de alguns no concurso externo para Chefias que se encontra a decorrer. Os valonguenses precisam de ouvir da sua boca uma explicação convincente sobre a ausência da tão falada auditoria interna que nos prometeu. Você disse-nos durante a campanha eleitoral e bem, que precisávamos de conhecer o ponto de partida para o podermos responsabilizar pelo caminho que percorresse até ao ponto de chegada. A pergunta incómoda nem precisaria de ser feita, mas eu memo assim formulo-a: já conhece esse ponto de partida? Os valonguenses perguntam-se insistentemente e num crescendo de impaciência e quase revolta, porque não se resolvem os casos pendentes que encontrou, principalmente na área do seu vice-presidente, estrategicamente congelados durante anos para obviar ao cumprimento da Lei e das mais elementares normas urbanísticas. Os valonguenses precisam de saber porque é que mantém todos os apoios financeiros a Instituições várias do nosso Concelho com um histórico de más práticas e de falta de transparência de tal ordem que ninguém compreende que não se tenham imposto mudanças radicais neste tipo de relacionamento. Mais estranho se torna ainda tudo isto quando sabemos que sobre algumas delas pendem queixas nos tribunais interpostas por você mesmo. Os Valonguenses precisam de saber com urgência porque razão nunca nos falou sobre o rol de incumprimentos da anterior concessionária dos serviços de limpeza e varredura – a SUMA – e cuja caução de mais de um milhão de Euros – que serviria obviamente para ressarcir a Câmara desses incumprimentos – João Paulo Baltazar tentou libertar dois dias antes da entrega do poder! Felizmente você estava atento e conseguiu travar essa habilidade a tempo. Como é que ficou o 'acerto das contas' com a SUMA? Porque não denunciou publicamente o seu antecessor pela tentativa de lesar a Câmara em proveito de terceiros? Os valonguenses ouviram em determinada altura falar em certas obras de arte e mobiliário valioso que se encontrariam 'ausentes em parte incerta'. O que há de verdade em tudo isso? Pensa dizer-nos alguma coisa, por vaga que seja, que confirme ou desminta os referidos rumores? Os valonguenses ouviram falar durante muitos anos – anos demais como todos sabemos – num PDM envolto em nevoeiro. Conhecemos os verdadeiros motivos que impediram 'o desejado' de romper a espessa cortina para chegar até nós. Há negócios que só fazem sentido quando não existem amarras legais nem regras demasiado apertadas e os instrumentos territoriais de gestão urbanística, por mais permissivos que pretendam ser, contêm sempre alguma margem de intrusão no bom andamento desses negócios que foram a prática corrente dos últimos 20 anos de corrupção em Valongo. Concretamente sobre o novo PDM (actualmente em discussão pública) os valonguenses ouvem muitas outras coisas – e muito preocupantes algumas delas... Ouve-se dizer que o enriquecimento ilícito promovido com a compra dos terrenos onde se encontra a Chronopost e se pretende instalar 'uma plataforma logística' na chamada nova Zona Industrial de Alfena, será depurado do 'pecado original' – comprados pelo 'testa de ferro' do Santander/Novimovest por 4 milhões e vendidos passados minutos por 20 milhões de Euros por força de uma declaraçãozinha do então vereador José Luís Pinto – com a justificação de sempre: a potencial criação de empregos. Já ouvimos esta argumentação relativamente à declaração de Interesse Municipal do novo Hospital Privado de Alfena e foi o que se viu... Ouvimo-la igualmente, aquando do negócio do Agostinho Branquinho relacionado com os dois pisos a mais no Hospital de S. Martinho... Mal comparado – ou não - os grandes mafiosos, os tubarões do narcotráfico e os 'homens dos negócios escuros e/ou mal-cheirosos' sabem sempre rodear-se de uma auréola de 'mecenato social' que representa na maioria dos casos, uma autêntica barreira de segurança contra os ataques dos mais atentos ou menos beneficiados com esse 'mecenato'. Por isso os valonguenses perguntam-se: vai ou não o novo PDM continuar a ser um mero conjunto de 'meios' para 'justificar os fins' – sendo que no caso da ZI de Alfena nem mesmo estes são sequer um dado adquirido? Vai longa já esta carta, senhor presidente da Câmara Municipal de Valongo – meu caro Zé Manel. Também não será esta a última oportunidade que terei de o questionar. Até porque temo que não esteja ao seu alcance, ou não seja sua vontade, retirar-me os motivos para o fazer. Em jeito de conselho final - atrevo-me a dar-lhos porque como sabe, também os aceito de si - sugiro: - Delegue mais sua representação nas iniciativas externas e delegue o menos possível a Câmara. - Não desconfie à partida de ninguém, mas não confie também cegamente em ninguém como ponto de partida. Os bons profissionais da administração pública conseguem obviamente ser sempre bons profissionais independentemente da caracterização dos políticos a quem servem, mas os contágios à vezes acontecem e persistem independentemente das mudanças de poder». |