OXALÁ CHOVA EM VALONGO...
Peço antecipadamente desculpa a todos os veraneantes de águas cálidas, brisa suave, cheiro a maresia e descontraídas caminhadas de final de tarde/princípio de noite à beira-mar degustando um gelado eventualmente aromatizado pelo sabor de um ou outro beijo mais ou menos furtivo 'roubado' ao parceiro de caminhada.
Incluo neste pedido de desculpas todos os outros que preferem a beleza campestre do turismo de interior e a contemplação das estrelas que só a ausência da 'poluição luminosa' dos grandes aglomerados urbanos permite ver em toda a sua beleza.
Feito o registo prévio das desculpas...
Oxalá chova - pelo menos em Valongo, este Concelho onde escolhi viver até ao termo da minha vida, uma vida que já assentou arraiais, uns mais prolongados que outros, em tantas outras latitudes (Santo Tirso, Gondomar, Moçambique, Moscovo, Berlim, entre outras)...
Em Valongo lancei raízes, em Valongo acreditei na possibilidade de um dia poder dizer "já fui muito feliz aqui" e apesar de todas as desilusões, a minha resiliência força-me a não atirar a toalha ao chão - por todas as razões e mais a que se segue:
Não me apetece - já não estou em idade para isso e nem sei se ainda conseguiria fazê-lo - imitar o caracol a quem a Natureza fez à medida da própria 'casa', por muito que a alguns agradasse que o pudesse fazer.
Mas que Valongo nos sufoca, é um facto indesmentível!
E não é (só) o fumo dos incêndios nem o mato por limpar nas margens das estradas que dão acesso ao centro do 'subúrbio', nem as ruas pouco limpas, nem o desordenamento urbanístico, nem as lixeiras espalhadas um pouco por todo o lado ou a 'inimizade' de quem manda no 'condomínio' da Avenida 5 de Outubro relativamente a um dos principais patrimónios de que dispomos: os nossos Rios Leça, Ferreira, Simão e Tinto.
Por isso, neste Verão que segue quente em várias frentes, umas mais activas que outras, relembro o início deste artigo:
Que a chuva 'abençoe' Valongo - uma chuva amena mas suficiente, que ajude a assentar as partículas de pó, cinza e nada de que são feitos alguns governantes locais e as faça drenar para uma qualquer ETAR do nosso desprezo...