POR UM 25 DE ABRIL SEM DONOS NEM 'FIGURAS TUTELARES'...
É claro que não gostei de ser - indirectamente embora - apelidado de 'facho'!
E Isto apenas - e não é pouco - por causa da minha posição sobre o '25 de Abril dos engravatados', este ano em versão mais reduzida mas igualmente idiota pelo formato 'VIP' que segue e que o Povo desde há muito tem votado sistematicamente ao desprezo.
Tentar reduzir a petição que subscrevi e que recolheu mais de 100 mil assinaturas a um conjunto de 'direitolas' que estão contra o 25 de Abril é evidentemente idiota e visa apenas camuflar o essencial: quem a subscreve não está contra o 25 de Abril - nem sequer contra a idiota sessão solene de todos os anos - mas contra o mau exemplo e a falta de respeito consubstanciados na sessão de 2020.
Tenho muitos e bons amigos que não gostam mesmo do 25 de Abril e apesar de saberem de que 'lado estou' nunca deixaram de me honrar com a sua amizade e por maioria de razão já não tenho pachorra para aturar alguns pseudo amigos que acham que 'o 25 de Abril deles á maior que o meu' ou que os cravos deles são mais viçosos e vermelhos que aqueles que cultivo no meu canteiro!
Quero dar 4 exemplos de gente que gosta do 25 de Abril de forma muito diversa da minha, ou seja, muito 'à sua maneira' e que, no caso dos dois que se seguem, juntam a isto um sectarismo primário e quase boçal.
- O Adelino Soares e a Sónia Sousa, deputados do PCP na Assembleia Municipal de Valongo onde durante um mandato também estive com eles e que se não fosse o 25 de Abril - aquele de que eu gosto muito - não seriam deputados de coisa nenhuma nem sequer de Valongo e que não se coibiram de trazer em aberto para a rede social Facebook ataques pessoais à minha pessoa por causa do nosso 'Abril diferente'.
A sua execrável atitude fica com eles próprios eles que, pelo menos a Sónia, em 25 de Abril de 1974 ainda andavam de cueiros. Não é por gritarem Abril muito alto que gostam mais dele do que eu...
- O Coronel Rodrigo Sousa Casto capitão de Abril e meu amigo, que com uma catrefada de incondicionais apaniguados alimentou na rede social Facebook uma intensa discussão em defesa dos que defendem 'a todo o custo' este lamentável 25 de Abril de 2020 no Parlamento da nossa desgraça...
A dada altura na longa lista de 'comentários e comentários aos comentários', não teve outra saída que não o 'argumento' de circunstância que me enviou em mensagem privada, em resposta ao texto que lhe enviei também em privado e que publiquei neste Blog - o 'post' anterior:
"Lamento se o desiludi (...)" - porém, persistindo logo a seguir nos motivos da minha alegada desilusão...
- O tenente-coronel Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril e que foi meu comandante de Companhia no 1.º curso de sargentos milicianos (CSM) de Janeiro de 1969 nas Caldas da Rainha e que me deu a honra de me enviar com uma dedicatória especial o seu livro 'do Interior da Revolução'. Também ele me desiludiu este ano - 'não vai mas vai, em espírito' e concordando com o evento...
E, porque eu acho de facto que 'o meu 25 de Abril' é melhor que o vosso, quero deixar claro que não simpatizo nada com 'figuras tutelares', sobretudo as que se arrogam o direito de paternidade sobre as mais amplas liberdades!
O Povo não deve nada aos capitães de Abril!
Eles tiveram 'apenas' a honra - e não foi coisa pouca - de corporizar a ânsia de todo um País aprisionado durante 40 longos e penosos anos e por isso mesmo ávido de Liberdade.
Aliás foi esse mesmo Povo respondeu ao apelo do MFA e veio em força para as ruas colocando-se de forma corajosa entre os militares de Abril e os outros, os defensores da ditadura, num imenso 'escudo humano' que impediu estes últimos de ir mais longe nas acções insensatas que ainda chegaram a esboçar e que poderiam levar à inevitável perda de vidas humanas.
O Povo está (apenas) grato aos capitães de Abril e isso já não é pouco!