PROVÉRBIOS DE VALONGO: "O PODER CORROMPE, O PODER ABSOLUTO CORROMPE ABSOLUTAMENTE"...
A propósito de uma sondagem que está a ser muito partilhada e difundida pelos 'batedores de palmas' do presidente da Câmara de Valongo, ocorre-me este pensamento de Lord John Emerich Edward Dalberg Acton: "O poder tende a corromper e o poder absoluto corrompe absolutamente".
Portanto...
Antes de pensarmos sequer na hipótese de atribuir qualquer grau absoluto ao poder que governa o 'subúrbio' vale a pena mergulhar um pouco no Pensamento e na Obra de Lord Acton!
Vai fazer dois anos que publiquei a 'famosa' carta-aberta dirigida ao presidente da Câmara Municipal de Valongo - e ainda líder da concelhia do Partido Socialista.
Na sequência da mesma e da sua publicação no Jornal 'A Voz de Ermesinde' - um OCS pertencente ao Centro Social de Ermesinde em cujos Corpos Sociais José Manuel Ribeiro tinha assento à altura - Luís Chambel, um jornalista discreto e de trato afável com quem nos habituamos a cruzar em todas as reuniões de Câmara, foi despedido de forma vil e impedido de entrar nas instalações do referido Jornal.
Esta é a nódoa que José Manuel Ribeiro carrega e jamais conseguirá apagar - apesar de todas as 'sondagens' com maioria absoluta, apesar da alegada 'transparência' que os incondicionais amigos insistem em lhe atribuir, apesar do 'socialismo' que insiste em colar ao cargo que exerce!
Se alguém tiver dúvidas sobre o carácter de José Manuel Ribeiro, pergunte ao Luís Chambel, que eu nunca mais vi por estas bandas mas que espero esteja de boa saúde e a fazer o Jornalismo isento e sem medo a que nos habituou.
Sobre a tal carta-aberta e em resposta à retaliação contra o 'mensageiro' (o Luís Chambel) que a publicou, escrevi este post no Blog:
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CÂMARA DE VALONGO - PORQUE DEIXEI DE CONFIAR EM JOSÉ MANUEL RIBEIRO...
No documento que enviei - a quem de direito hoje de manhã - e que acabo de partilhar com os meus colegas da Assembleia Municipal, detalho as principais de entre as 43 mil e setecentas razões porque deixei de confiar em José Manuel Ribeiro como presidente da Câmara Municipal de Valongo.
Não é novidade nenhuma - sobretudo para os que me têm seguido mais de perto - que na campanha eleitoral apoiei o PS o melhor que soube e pude e com toda a 'artilharia' que consegui desencantar do meu 'arsenal bélico' que não é pequeno...
Fi-lo em primeiro lugar, porque a Associação Coragem de Mudar a cuja Direcção pertenço, decidiu não concorrer e depois, porque os ex-fundadores da Associação, sobretudo os dois que foram vereadores no mandato anterior lançaram mão de todos os expedientes, mesmo os mais caluniosos, para impedirem que nos tivéssemos apresentado coligados com o PS que nos tinha feito uma proposta nesse sentido.
O PS ganhou a Câmara - com maioria relativa embora - e nada daquilo que José Manuel Ribeiro andou a prometer que faria tem sequer sido tentado, o que me tem remetido para um crescendo de críticas que até agora tenho procurado gerir com alguma reserva mas que após alguns episódios recentes, me impedem de continuar a integrar o grupo municipal na Assembleia.
Mais do que repetir o documento que partilho a seguir, convido os meus amigos e seguidores deste Blog a conferirem o que explico no mesmo.
Até sempre senhor presidente da Câmara Municipal de Valongo (caro José Manuel Ribeiro)
Era público e notório e passa agora a ser oficial e também público, que o caminho que tínhamos imaginado fazer em comum para MUDAR VALONGO, se transformou rapidamente em beco sinuoso e sem retorno.
Assim sendo eu ‘passo’ e a partir daqui prossegue apenas você carregando na consciência o peso das bíblicas ‘30 moedas’ que são o preço daquele ‘sonho de uma noite de verão’ que você rapidamente hipotecou antes do ‘pim-pam-pum’ que o fez optar pelo trilho de sentido único, rumo a lugar nenhum.
Bem... a lugar nenhum é como quem diz, porque onde ele vai dar mesmo direitinho é ao precipício do ‘fim do mundo’. Se resolver dar o passo em frente, espero que ao menos tenha sido precavido e tenha aplicado uma parte do ‘produto da transacção’ na compra de um paraquedas funcional que lhe amorteça a queda.
Esta é portanto a crónica de uma traição anunciada que eu comecei mentalmente a antecipar, no momento em que lhe escrevi aquela ‘carta aberta’ que o incomodou tanto, ao ponto de impor uma espécie de ‘blackout’ ao ‘nosso’ Jornal Novo de Valongo e de – pelo menos – não ter feito nada para sinalizar publicamente a sua discordância, como membro dos corpos sociais do Centro Social de Ermesinde pela atitude fascista de suspender com vistas ao seu despedimento, o Jornalista de muitos anos na Voz de Ermesinde, Luís Chambel.
E tudo isto, apenas por ele ter publicado a minha ‘carta aberta’!
Claro que, tal como não reagiu à atitude fascista dos seus amigos do CSE , também acredito que não tenha feito alguma coisa para a provocar, mas não será destas omissões que se fará a história deste episódio lamentável.
Deixe-me no entanto regressar ao assunto que aqui me trouxe:
No seio do grupo municipal do PS eu estive sempre como um entre todos e nunca – você sabe bem isso – como ‘representante’ de qualquer facção ou tendência.
Nunca também, devo este reconhecimento a todos os elementos do grupo, fui olhado ou tratado de forma diferente.
Já consigo – e a partir das eleições – a coisa foi bem diferente:
O ‘dia seguinte’ ao nosso promissor ‘casamento’ político foi já o de um ‘divórcio’ anunciado a que se seguiu também o diagnóstico de uma ‘morte’ inevitável a curto prazo.
De entre as várias sugestões para um ‘epitáfio’ - que obviamente lhe coube a si redigir - aquele que eu elejo de forma imediata, talvez porque você o repetiu vezes sem conta em SMS deixados no meu telemóvel, é “estou numa reunião, ligo-lhe a seguir”.
MUDAR VALONGO foi para si portanto, uma estratégia encenada que você obviamente nega, recorrendo ao argumento falacioso de que nunca se comprometeu com um prazo para fazer a mudança, como quem diz que ‘até ao lavar dos cestos é vindima’.
É claro que o argumento contrário – que é o meu e de muitos valonguenses – também é válido e baseia-se na mais simples de todas as constatações: “se não fez nenhuma MUDANÇA em tempo útil porque ela já não corresponde aos seus objectivos ou eles entretanto mudaram, então você só vai mudar alguma coisa depois de anunciar o que é que mudou em si”.
Acho que monsieur de la Palice não diria melhor...
Inspirados no elevado exemplo do ilustre aio de D. Afonso Henriques, talvez eu e alguns dos que acreditaram em si nos vejamos obrigados um destes dias a fazer o caminho até ao coração do Povo de Valongo com idêntica corda àquela com que Egas Moniz se apresentou ao Rei Afonso VII de Leão e Castela. Esperemos que o povo nos acolha com igual magnanimidade.
Já o seu gosto pende mais para a ideia que eu tenho do perfil do gestor das contrapartidas dos submarinos do Paulo Portas, numa permanente renegociação de incumprimentos exaustivamente fundamentados - como só quem incumpre sabe fundamentar - e da permanente adaptação/alteração dos objectivos iniciais, até ao incumprimento final de todos eles.
Guardo do período que vivemos até agora, quase fugaz tão rápido se esfumou, em que nos encontramos do mesmo lado da barreira, uma estranha sensação de ‘déjà vu’...
Por outro lado, imagino que as ’30 moedas’ terão provocado em Jesus Cristo idêntica sensação àquela que eu sinto neste momento.
Nas muitas sessões de trabalho em que fomos burilando o nosso projecto eleitoral, coincidimos muitas vezes para além do essencial e uma das coisas em que sempre coincidimos, foi na necessidade de promover uma rigorosa auditoria interna a todas as áreas de intervenção da Câmara – para que você pudesse atribuir responsabilidades e ao mesmo tempo, sinalizar o ponto de partida a partir do qual os valonguenses o responsabilizariam.
Para conseguir obter tal desiderato, justificava-se, era mesmo essencial, que você tivesse optado por guardas suíços para lhe guardarem o reduto. Infelizmente – deixe-me socorrer-me desta analogia campestre - você preferiu recorrer aos serviços da raposa para lhe guardar o galinheiro!
Manteve - e reforçou até num ou noutro caso - as posições de algumas figuras-chave sobejamente conhecidas – e não pelas melhores razões - dos mandatos anteriores, algumas envolvidas mesmo em processos-crime relacionados com corrupção devidamente sinalizados e num caso até, já com uma primeira sentença condenatória em tribunal!
Manteve em completa hibernação todos os processos referentes a ilegalidades urbanísticas, apesar da pressão compreensível dos muitos cidadãos lesados que chegaram a acreditar que você começaria mesmo a MUDAR VALONGO.
Como sabe, em todos estes processos existem sempre dois lados e você e o seu vice-presidente têm escolhido quase invariavelmente o lado errado!
Por outro lado, em vez do esperado reforço da transparência e de uma gestão amigável e aberta e voltada para os cidadãos, manteve a ‘tradicional’ opacidade, a dificuldade de sempre na consulta de processos ou na obtenção de informações. Só perante a ‘ameaça’ do recurso à Lei é que num ou outro caso se consegue vencer a intencional e pouco disfarçada dificultação dessa consulta.
Ultimamente, até já nem essa ‘ameaça’ é suficiente, como se pode constatar por este exemplo: apresentei em 3 de Julho um Requerimento referente a informação relacionada com o processo de corrupção que envolve a Novimovest/Santander em Alfena e apesar dos vários e insistentes contactos, nem uma resposta.
Neste âmbito pode dizer-se sem receio de errar, que tudo está diferente – para pior, obviamente! Aliás, sobre este vergonhoso processo de corrupção que extravasou já os limites do nosso Concelho, registamos da sua parte um dos mais lamentáveis actos de desrespeito para com quem o apoiou: em segredo andou a concertar com a Jerónimo Martins e também – você diz que não, mas ninguém acredita que não o tenha feito – com o especulador imobiliário Jaime Resende e com a Novimovest/Santander, até chegar ao ‘espectacular’ contrato de urbanização já referido, visando a construção de uma plataforma logística. Ao contrário daquilo que apregoa, esse contrato não defende os interesses do município, deixando do lado público todo o possível risco – para além da multiplicação (quase até ao limite do imaginável) dos benefícios concedidos ao investidor por via da redução de taxas. Isto para não falarmos já de que será através da alteração do PDM naquela vasta área de 59 ha designada por UOPG 06, que o processo de corrupção conhecido de todos se consumará.
Com a sua assinatura e fingindo não se aperceber de que está a favorecer o infractor e a dar de mão beijada uma mais-valia de 16 milhões de euros àqueles terrenos!
Curiosamente, todos estes contactos, ‘secretos’ como já disse, nunca foram partilhados sequer com o seu grupo na Assembleia Municipal e até mesmo na fase final da formalização do dito contrato, em plena recta final da discussão pública do PDM, o grupo só teve conhecimento do assunto depois de o mesmo ter sido discutido com a oposição na Câmara!
Haverá de convir, caro José Manuel Ribeiro, que assim fica difícil manter-me no seio de um grupo que aceita ser subjugado e desrespeitado da forma que acabo de descrever e cuja posição na votação final do PDM na Assembleia Municipal você até decidiu como vai ser: voto favorável e com imposição de disciplina de voto!
Coisa absolutamente nunca vista por estas bandas nos últimos tempos, devo acrescentar!
Com estes – entre muitos outros – exemplos, você deixou de merecer a minha confiança e acredito que também a de muitos outros valonguenses.
E não fomos nós que mudamos mas sim você!
- Nós queríamos uma auditoria rigorosa à Câmara. Você prometeu-a mas depois mudou de ideias!
- Nós queríamos saber sobre a situação actual da concessão das águas de Valongo, mas você não diz nada sobre o assunto!
- Nós queríamos saber sobre aquela famosa construção do GDRR (Grupo Dramático e Recreativo da Retorta) mas você nunca mais nos disse nada!
- Nós queríamos saber sobre aquele contrato com Custódio Oliveira para a promoção da ‘marca’ Valongo feito em vésperas das eleições, mas você nunca mais nos disse nada!
- Nós queríamos saber sobre aquela história que nos contou, da caução da SUMA (anterior empresa da limpeza urbana) que o seu antecessor teria tentado libertar em vésperas das eleições, mas você nunca mais nos disse nada!
- Nós queríamos saber sobre aquele mobiliário de autor que você nos disse estar em ‘parte incerta’, mas você nunca mais nos fez o ponto da situação!
Bem, nós queríamos saber tanta coisa mais e que você não está disposto a partilhar, que o melhor mesmo é não insistirmos – por enquanto!
MUDAR VALONGO segue portanto dentro de momentos...
Assim sendo e atentos os motivos expostos, outra atitude não me resta senão desvincular-me do seu grupo municipal, passando a exercer o meu cargo como deputado municipal independente, facto que comunicarei oportunamente ao senhor presidente da Assembleia Municipal, reservando-me obviamente o direito de divulgar junto dos meus eleitores e da forma mais ampla que o consiga, as razões que me assistem e que me conduziram a este desenlace.
Até sempre, caro Zé Manel.
Vemo-nos por aí. Isto se entretanto você não resolver rumar a Lisboa para ocupar um qualquer cargo ministerial.
Você já não é aquela ‘jovem promessa’ de há uns anos atrás, que outros com consolidadas certezas não souberam aproveitar. Você agora é já o detentor de muitas idênticas certezas, porventura jovens ainda, mas que mesmo assim poderão ajudar consolidar as de um qualquer dos candidatos que ganhar a ‘batalha fratricida’ que se trava no seio do seu Partido – sim porque já deu para perceber que você não se sai nada mal com a geometria variável capaz de ‘viajar seguro de costa a costa’ – ou vice-versa...
Com toda a consideração pessoal,
Alfena, 30 de Julho de 2014
Celestino Neves