SÓCRATES, MEU IRMÃO...
Como eu te compreendo e me identifico contigo, meu caro José Sócrates, no que toca à lamentável perseguição que te estão a mover!
Como se não fosse suficiente a desdita de seres um excluído social pelo facto de teres dinheiro e fraca memória que não te permite explicar de forma detalhada e convincente a origem do mesmo ainda te querem responsabilizar também pelos cofres semeados por esse mundo fora por alguns dos teus amigos próximos e onde, ao que parece, terão sido encontrados alguns milhões de euros não declarados e não justificados.
Mas será que para a nossa Justiça (por enquanto apenas o Ministério Público) já não é castigo suficiente teres de levar com a preocupação obsessiva desses mesmos amigos - "ah! vê lá se não te faz falta uma nova tranche de notas de 500, não deixes atrasar a renda do T0, nem o ordenado do motorista, não te esqueças da revisão do BMW... " - e ainda te querem responsabilizar também pelas traquinices dos mesmos?
E vá-se lá também saber porquê, muitos dos (outros) amigos que te rodeavam, te bajulavam e te puxavam pela aba do casaco para pedirem benesses, empregos, oportunidades de negócios ou simplesmente solicitar a tua desinteressada e altruísta magistratura de influência que os ajudasse nas suas escaladas sociais, empresariais, políticas ou outras, começaram a evoluir para a categoria de falsos amigos dispostos até a falar contra ti e a alinharem com aqueles que te perseguem.
Sócrates meu amigo e meu irmão, como eu te compreendo!
Também eu tenho sido perseguido - olha! por um dos (creio que ainda) teus amigos, deputado da tua bancada na Assembleia da República (10-03-2005 a 19-06-2011) e agora autarca de renome no Concelho onde resido.
E igualmente tal como no teu caso, embora por razões mais comezinhas e menos nobres: por utilizar um direito fundamental como a Liberdade de expressão para atentar contra o bom nome do dito autarca e a sua família (!) e para o difamar, usando um Blog de mau porte de que sou dono.
Porém, ao contrário de ti, eu beneficio de uma posição privilegiada de que - acredita! - até me custa falar...
Sou um simples delinquente primário, desconhecido dos média e vivo numa rua simpática do centro da Cidade de Alfena, numa moradia também simpática e muito parecida com todas as que a rodeiam com um jardinzito catita e uma oliveira que dá azeitonas no centro, enquanto tu, meu amigo e meu irmão, tens de viver exposto a todos os vitupérios nesse bairro social que é o Parque das Nações com vistas para o Tejo e os gritos das gaivotas que diariamente te deixam quilos de excrementos na varanda.
Outro privilégio - eu considero-o como tal - de que me lembrei agora:
No processo que me foi movido pelo teu (será que falso?) amigo e em que pasmemos todos, a Justiça teve o desplante de me absolver, eu simples delinquente anónimo pude recorrer a um advogado oficioso que me recebia no seu escritório simples e funcional em vez - no teu caso - entrar T0 adentro (no teu caso) com o sócio atrelado e obrigando-te a servir-lhes a torradita com manteiga e o galãozito morno com adoçante sintético...
(É claro que tu até podias levá-los àquela pastelaria da esquina - no bairro social das Nações existem esquinas, certo? - mas terias de enfrentar aquele entra-e-sai de trolhas para saborearem o seu diário 'beer-breack' enquanto atiram rajadas de piropos às catraias que passam no passeio em frente, ou as 'assistentes técnicas de trabalho doméstico' a fofocarem sobre a vida das patroas enquanto debicam o croissant com creme e a meia de leite da meia-tarde).
Mas claro que sei meu caro José Sócrates, meu amigo meu irmão, que ao contrário do que aconteceu comigo simples e anónimo delinquente primário, tu enfrentas o problema cada vez mais aborrecido das novas tecnologias ao serviço da Justiça e das polícias - as escutas telefónicas!
(Dizem que quando telefonavas àquele amigo especial a pedir 'fotocópias' ou 'aquela coisa' tu estarias a pedir notas de 500, mas conhecendo-te como eu conheço, eu acredito apenas na tua versão meu amigo!
Não me posso esquecer do famoso processo 'apito dourado' e das famosas escutas com referências a fruta e chocolates e se tentava insinuar que isso se referia a meninas e outros miminhos para os árbitros. Como sabes, o processo foi arquivado e portanto, não vejo grandes motivos para te preocupares, mas mesmo assim, não descures a vigilância).
É claro que também sei que as más-línguas têm utilizado demasiadas vezes em relação a ti aquele ditado popular "quem cabritos vende e cabras não tem de algum lado lhe vem" - nomeadamente por causa de viveres no tal T0 do bairro social das Nações...
Como se todos não soubéssemos que a habitação ali existente está ao nível da habitação social mais modesta!
Eu por exemplo, nem que me pagasses muito bem aceitaria trocar a minha moradia simpática com jardinzito catita e oliveira que dá azeitonas no meio pelo teu modesto T0!
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PS: Sócrates, meu amigo meu irmão, sei que lançaste ontem o teu novo livro...
Tens a certeza que o amigo que o escreveu e te ajudou a escolher o título é mesmo teu amigo de verdade?
Não achas que "José Sócrates O MAL QUE DEPLORAMOS" é algo ambíguo ou sou sé eu a pensar assim?