Recebi hoje um comentário de a um dos meus post - As "ASPAS" DA DEMOCRACIA - publicado aqui e também aqui.
Ora bem... vamos lá esclarecer algumas dúvidas:
Eu critico - às vezes apetece-me mesmo zurzir - esta "democracia" que aceita ser controlada por "democratas" como Sócrates, Jaime Gama, Paulo Pedroso, Ferro Rodrigues e outros, que por cá andam, já andaram, ou pensam ainda andar e que deixam sempre atrás de si um odor tão intenso de "Freeport", "Cova da Beira" "Pedofilia" que os topamos à distância! (Antes que me esqueça, quero aqui deixar bem destacado o necessário "Disclaimer": não os acuso de nada porque não tenho provas que me permitam fazê-lo e mesmo que acusasse, seriam sempre inocentes até prova em contrário, com a respectiva condenação e trânsito em julgado, blá, blá, blá...)
Critico ainda, alargando os horizontes para lá do "rectângulo", a "democracia" da nossa velha aliada Inglaterra, onde os "democratas" que a governam, usam os dinheiros públicos para comprar sofás de massagens, alugar filmes pornográficos, comprar aparelhagens sofisticadas de home cinema.
Critico também os "democratas" como Sílvio Berlusconi de Itália, que arrebanha todas as modelos bonitinhas que consegue, para a sua lista de candidatura ao Parlamento Europeu, ainda que no que toca a "cérebro", a maior parte delas o possua tão minúsculo como o dele próprio.
Mas quando critico tudo isto e muito mais, o que eu pretendo é mais Democracia, nunca o regresso a um passado de má memória - nem a novos Salazares, Marcelos ou quejandos, nem tampouco o retomar de ideias sobre a restauração do Império ou outras patacoadas neocolonialistas que não interessam "nem ao menino Jesus".
É que eu, que tenho 61 anos, fiz a guerra colonial e por isso posso falar do que foi com conhecimento de causa!
Em 27 de Julho de 1970, ia eu a bordo do velhinho paquete Niassa em pleno alto mar como furriel miliciano, a caminho de Moçambique, quando a Rádio Conacri deu em primeira mão a morte do ditador.
Juro que não ouve consternação a bordo!
Chegados à guerra - Provincia de Cabo Delgado - tive oportunidade de conhecer por dentro, ao longo dos 28 meses que aí permaneci, o que era o colonialismo português.
Dou apenas em rápidas pinceladas, dois pequenos exemplos:
1. O Nunes, famoso caçador de elefantes, com a ajuda do seu "exército" de caçadores armados com as mais modernas armas de caça levava a cabo uma autêntica razia nas manadas de elefentes, para lhes extrair as presas e as centenas de toneladas de marfim que representavam e que anualmente exportava para as brancas e civilizadas metrópoles que lhas pagavam a peso de ouro.
Porque a Frelimo o ameaçava - não por nenhuma preocupação especial com os bichos que ele dizimava, mas pelo roubo que levava a cabo - havia sempre um pelotão das várias companhias estacionadas na zona, que rotativamente lhe assegurava a protecção - com todo o conforto possível e todas as "mordomias" diga-se, desde um confortável acampamento com água quente, cerveja refrigerada, carne fresca em abundância entre outras!
2. Nas localidades onde existia população civil, destacava-se a sinistra figura do Administrador, com o seu grupo de "cipaios" - espécie de milícia local arregimentada e mantida fiel e controlada, à custa de um salário miserável e algumas benesses e com a qual levava a cabo autênticas tropelias entre a pobre população indefesa.
Como é sabido, naquele tempo prosperavam em Moçambique algumas grandes companhias de exploração do algodão, as quais, sobretudo na altura da colheita, necessitavam de uma grande quantidade de mão de obra - barata se possível, mas se fosse "escrava" melhor ainda.
Como homem de mão das grandes companhias, o Administrador tinha uma forma habilidosa e suigéneris de conseguir o número de braços que lhe pediam: Fazia publicar uma espécie de "Edital" em que dava um período de tempo - suficientemente curto para não poder ser cumprido - para que os donos das palhotas procedessem à sua cobertura com capim novo.
Findo o prazo, mandava os "Cipaios" prender os incumpridores e aplicava-lhes uma multa, que por não poderem pagar, ele transformava em dias de trabalho gratuito (escravo) na colheita do algodão.
Portanto, meu caro amigo Oliveira Martins, eu não gosto de Ditaduras - sobretudo das que não têm "aspas" quase pelas mesmas razões porque não gosto das "democracias" a fingir!
Mas agradeço a sua visita e apesar de não concordar com parte do conteúdo dos seus post, gosto da maneira como escreve e partilho do seu ponto de vista "poético" em relação à figura ridículo/patética do padre Melícias ...