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A TERRA COMO LIMITE...

UM ESPAÇO ONDE ESCREVEREI SOBRE TUDO, SOBRETUDO, SOBRE TUDO QUE SEJA CAPAZ DE CAPTAR A MINHA ATENÇÃO. UM ESPAÇO ONDE O LIMITE NÃO LIMITA - APENAS DELIMITA.

A TERRA COMO LIMITE...

UM ESPAÇO ONDE ESCREVEREI SOBRE TUDO, SOBRETUDO, SOBRE TUDO QUE SEJA CAPAZ DE CAPTAR A MINHA ATENÇÃO. UM ESPAÇO ONDE O LIMITE NÃO LIMITA - APENAS DELIMITA.

ANATOMIA DE UM SIM...

Houve ameaças de excomunhão, ouve dedos em riste ameaçadores apontados aos anticristo, aos carrascos dos inocentes, às mulheres depravadas e devassas, que só pensam no seu próprio prazer esquecendo-se depois das consequências inerentes - os bebés(?) até às 10 semanas de gravidez...

Toneladas de papel com imagens-choque de fetos ensanguentados, com descrições pormenorizadas de práticas de aborto com décadas de desfasamento em relação à realidade actual, circularam de mão em mão, inundaram as caixas de correio, poluiram o ambiente...

Houve mentes infantis de crianças de 11 anos, violentadas às portas das escolas, com a distribuição de DVD's repletos de pormenores sobre o aborto e a aniquilação de bebés que os defensores do SIM se proporiam levar a cabo...

Rezaram-se terços na praça pública, fizeram-se procissões, invocou-se o sofrimento lacrimoso de Nossa Senhora de Fátima e pediram-se Euros para custear as despesas...

Alguns Bispos, Padres e Cónegos, esqueceram as palavras sensatas e os conselhos de ponderação do seu Cardeal Patriarca e envolveram-se em autênticos actos de pré-inquisição, onde às vezes só faltava acender as fogueiras da suprema expiação,  tal  a semelhança dos contextos deliberadamente gerados pelas suas intervenções inflamadas...

E perante esta autêntica barragem de fogo que se abateu sobre o nosso Povo maioritariamente católico, ouve quem acreditasse no pior (ou no melhor, conforme a óptica...)

Mas, surpresa das surpresas, eis que ele (o Povo) dá aos doutores da lei e aos escribas, a lição que se impunha:

Em vez de os acompanhar no apedrejamento das mulheres pecadoras, ele preferiu apoiá-las (seguindo aliás, o conselho de Cristo - aquele que  nunca pecou, atire a primeira pedra!...

Ficamos todos a ganhar com mais este exemplo de maturidade da gente humilde, mas estão especialmente de parabéns:

- As Mães e futuras Mães de todos os homens e mulheres de Portugal, que vão finalmente ver consagrado na Lei, o seu direito a uma maternidade consciente e responsável e a um aconselhamento médico ou psicológico, que as ajude a tomar uma opção ponderada, sempre que se vejam perante uma situação mais difícil em que a  interrupção da sua gravidez seja uma das hipóteses a considerar!

- As crianças de Portugal, que passam a ter o direito de nascer felizes e desejadas, em vez de despejadas neste mundo, órfãs de pais vivos, para ficarem por aí, quantas vezes ao cuidado   de quem não as cuida, durante anos e anos, sempre a acreditar (até desacreditar definitivamente) no  milagre de ver surgir uns pais de coração que os acolham se a Lei não complicar...

publicado às 12:21

"A TERRA COMO LIMITE"

Numa altura em que o debate sobre as questões relacionadas com a Interrupção Voluntária da Gravidez, cresce de tom - facto a que não será totalmente alheia a divulgação de algumas sondagens sobre os possíveis resultados do Referendo do dia 11 - ganharíamos todos (o lado do SIM e o do NÃO) se respirássemos mais pausadamente e contássemos até 10 antes de debitarmos as nossas doutas opiniões sobre os temas em discussão.

Como dizia o Cardeal Patriarca de Lisboa D.José Policarpo, na Grande Entrevista transmitida ontem no Canal 1 da RTP, (numa lúcida abordagem, digo eu) NADA está decidido antecipadamente e em cada dia, há novos dados que alimentam esta dúvida - para os dois lados...

Esta constatação deveria constituir motivo mais que suficiente para nos auto impormos o máximo de contenção verbal e nos deixarmos TODOS, de andar para aí a dar tiros nos próprios pés...

O SIM, que não pode deixar de ter em conta que a Despenalização, quer queiramos quer não, mexe com sentimentos  de religiosidade profundamente arreigados, de uma grande parte das pessoas e que por isso mesmo, merece uma abordagem esclarecedora (mas também respeitadora desses sentimentos...) partindo de um princípio inquestionável de que a esmagadora maioria dos defensores do NÃO, está de boa fé!

De igual modo, o lado do NÃO terá que interiorizar que uma parte grande dos apoiantes do SIM, não concorda com a vulgarização do aborto nem o considera como uma conquista (no sentido mais usado do termo) para a mulher. Antes o admite como o mal menor, num contexto de dificuldades consideradas por esta, inultrapassáveis num determinado momento da sua vida...

(O SIM não impõe uma opção - essa deve ser da mulher - e por isso mesmo, rejeita qualquer penalização face à opção tomada...)

O NÃO, tem todo o direito de defender aqueles que diz serem os princípios da Moral Católica, mas não pode deixar de ter em conta, que esta questão não é uma questão religiosa!

Aliás, se o fosse, era a própria Lei actual que também estaria em causa ao admitir motivos justificativos para o aborto - casos de violação e saúde psíquica da mãe, por exemplo... - onde também seria lógico defender a prossecução da gravidez (ainda que depois, a criança viesse a ser encaminhada para adopção...) 

O lado do NÃO, também teria algo a ganhar (e ainda bem que não o tem feito, digo eu...) se deixasse de ameaçar com o fogo do inferno, com a excomunhão  e coisas do género, que terão seguramente sobre as pessoas, um efeito contrário ao pretendido...

Por último, e no campo das alternativas que o NÃO diz existirem para as mulheres, elas serão sempre bem vindas - eu pessoalmente, ficarei profundamente satisfeito, sempre que uma mulher concreta, que pense interromper a gravidez, deixe de o fazer, porque alguém lhe apresentou uma ajuda concreta para a situação que enfrenta...

Mas por favor, não convençam nenhuma mulher nesse sentido, apenas com promessas e sobretudo, não prometam o Céu (que nunca lhe poderão dar)...

O ideal seria que tivessem sempre a Terra como Limite - só assim a promessa poderá deixar  de ser apenas isso, para passar a ser uma realidade!

 

publicado às 15:24

"INSANIDADES"

Estamos a poucos dias da realização do Referendo que vai decidir se SIM ou NÃO deve ser Despenalizada a IVG . Aumenta por isso o ruído de fundo - não, não me enganei ao escrever:  é mesmo ruído de fundo e não "vaga de fundo" como nos querem fazer acreditar... -  dos que defendem o indefensável, ou seja, a continuação do actual estado de coisas, que como todos sabem, é uma verdadeira vergonha nacional!  mas mensagem que se perceba e nos toque, NADA!

Desde o último Referendo e até há poucos dias atrás, fomos testemunhas do seu silêncio ensurdecedor à volta deste tema e das medidas que agora apressadamente nos dizem, deveriam ser priveligiadas pelo Poder, "em vez de promover a Despenalização..."

E para baralhar e confundir os menos atentos - porque é disso que se trata - lançam mão de todos os meios, mesmo os mais escabrosos e chocantes - imagens de choque disponibilizadas na Internet (conseguidas sabe-se lá como e por quem...) foto-montagens de práticas de aborto,  citações de personalidades (algumas bem sinistras) comparando o aborto à pena de morte e tudo o mais que ainda se verá...

É pois neste contexto, em que uma parte significativa da Sociedade do nosso País atingiu um patamar que raia já a verdadeira INSANIDADE, que se impõe  denunciar as revoltantes contradições que se escondem por detrás do seu discurso aparentemente humanista. É que, parafraseando um ditado muito conhecido, "À MULHER DE CÉSAR, NÃO BASTA GRITAR QUE É SERIA..."

 

 

 

DEMÊNCIA - parte I 

Aborto : Cónego de Castelo de Vide diz que um cristão que vote sim será excomungado

 

Quinta, 18 Janeiro 2007

Tarcísio Fernandes Alves citou o cânone 1398 do Código de Direito Canónico, onde se afirma que "quem provoca o aborto incorre numa excomunhão automaticamente".

Este aviso estava já contido num boletim paroquial que o cónego distribuiu e no qual refere que os que votarem "sim" e os que "se abstiverem de votar cometem um pecado mortal gravíssimo que os irá impedir de participar na missa".

 

 

 

Compadres, vejam lá se internam o homem - ou pelo menos, ponham-lhe uma camisa de forças um açaime... - olhem que ele é um perigo e ainda pode morder em alguém...

 

 

 


 DEMÊNCIA - Parte II

 

 

 

...........................

 

 

 

 

" Esmeralda, que fará cinco anos a 12 de Fevereiro, tem nome de preciosa. Faz sentido: por ela, o sargento do exército Luís Gomes que com a mulher Adelina Lagarto criou a menina desde os três meses, quando lhes foi entregue pela mãe biológica, está em prisão preventiva a enfrentar um julgamento por subtracção de menor e sequestro agravado, enquanto Adelina e a criança se escondem em paradeiro que ele recusa revelar. Por ela, o carpinteiro Baltazar Nunes, pai biológico por via de uma relação "ocasional", desencadeou uma batalha jurídica "até às últimas consequências", uma batalha para que lhe seja entregue uma filha que viu duas vezes na vida e que não o conhece"

 ..........................

E é esta Sociedade (pelo menos a que contesta a Despenalização) que se propõe ajudar as mulheres em dificuldades, para que apesar de tudo, possam ter os filhos, ainda que depois os entreguem para adopção... A Esmeralda, que vai fazer 5 anos, nunca conheceu outros pais que não o Sargento Luis Gomes e a Adelina Lagarto. Agora, num acto de verdadeira DEMÊNCIA, a nossa Justiça propõe-se entregá-la a "um homem" que ela não conhece e que apesar de ser o seu pai biológico, nunca quiz que ela nascesse! (E como os contornos deste episódio da "vida real" nos fazem lembrar idênticos e recentes episódios, que terminaram em TRAGÉDIA para outras "Esmeraldas" deste País...)

 

 


 DEMÊNCIA - Parte III

 

 

 

Catecismo da Igreja Católica

Dado no dia 11 de outubro de 1992, trigésimo aniversário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II, décimo quarto ano de meu pontificado.

Joannes Paulus II

 

....................

 

P.33.3 Pena de morte

§2267 O ensino tradicional da Igreja não exclui, depois de com provadas cabalmente a identidade e a responsabilidade de culpado, o recurso à pena de morte, se essa for a única via praticável para defender eficazmente a vida humana contra o agressor injusto.

..........................

Pois, a mesma Igreja que compara o aborto à pena de morte, afinal não a condena em absoluto - e não se trata de mera questão teórica, porque na América, onde a Igreja Católica tem muita força, os Bispos católicos nunca fizeram (nem foram aconselhados a fazê-lo) ouvir a sua voz contra esta prática já posta de parte pela maioria dos países civilizados.

É com exemplos de coerência como estes, que as Igrejas se hão-de voltar a encher de fiéis?

 

 


 

 

Conclusão possível a tirar:

Numa sociedade como a que temos, onde estes são APENAS três exemplos que confirmam o avanço de um processo de DEMÊNCIA verdadeiramente preocupante, é lícito, é recomendável é mesmo de interesse vital, garantir saídas de emergência que nos defendam dos loucos que por aí circulam...

E a DESPENALIZAÇÃO da IVG , é APENAS uma dessas saídas de emergência!

 


 

 


publicado às 14:39

PENA DE MORTE EM PORTUGAL?

Em contra ciclo com o mundo civilizado (com excepção evidentemente, dos Estados Unidos da América...) parece que tem vindo a crescer em Portugal nos últimos tempos, o número de pessoas a defender a pena de morte(!)

Gente do PS, do PSD, do PCP, do CDS/PP, do BE, sem Partido, católicos e de outras confissões (e até sem confissão nenhuma).

 

(São os defensores do SIM, na visão apocalíptica dos defensores do NÃO...)

 

Na ânsia de levarem a água ao seu moinho (o dos defensores do NÃO...) tudo lhes serve - até as imagens choque que às vezes criticamos quando as vemos em spots publicitários nas televisões, a propósito de causas bem mais nobres...

Parece no entanto que as coisas se estão a complicar um pouco nos últimos dias para essa gente que, carente de um tecto seguro e estável, se procurou acolher desde o início sob o amplo abrigo proporcionado pela Hiererquia da Igreja Católica portuguesa:

Pelos vistos, o tecto não vai ser tão amplo como inicialmente previam, a ajuizar pela posição intelectualmente honesta do Cardeal Patriarca de Lisboa, que defendendo embora claramente o NÃO, optou por não der cobertura a radicalismos e aconselhou mesmo quem tivesse dúvidas a optar pela abstenção!

É obvio, que ninguém imaginará D. José Policarpo a aconselhar a abstenção perante a ameaça da instituição em Portugal da pena de morte!

Como ninguém acreditaria que se essa ameaça pesasse sobre os portugueses, o Papa teria aconselhado a Igreja portugesa a manter o assunto do Referendo fora das Missas!

E fê-lo - embora tenha sido desrespeitado em muitas igrejas...

Convenhamos senhores do NÃO, que pena de morte - de facto - é manter as coisas como estão, com os abortos clandestinos de que não há números, mas que toda a gente sabe que são elevados, com o risco de vida para as mulheres que os praticam e na maioria dos casos, quando sobrevivem, deixam sequelas tão graves, que mesmo querendo, já não podem voltar a ter filhos!

Em vez da vossa militância irracional contra a Despenalização do aborto, porque não optam por uma militância racional e efectiva contra as causas que lhe estão na origem?

Se assim fosse, poderíamos estar todos do mesmo lado e todos ficaríamos a ganhar com isso!

 

 


publicado às 14:45

"DESPENALIZAÇÃO" - Também nas Missas?

Sou católico desde sempre - em parte por um hábito que me foi incutido pelos meus progenitores, mas também por  convicção intrínseca e inexplicável de que há Algo mais do que aquilo que vemos...

Vou habitualmente, uma vez por semana, à Missa - normalmente na minha Paróquia - e sinceramente, espero não ter de me confrontar em nenhum desses momentos de fé e reflexão, com uma situação idêntica à que ocorreu em Fátima, numa Missa promovida pelos defensores do NÃO e onde a homilia foi dedicada à diabolização do SIM e dos seus defensores...

A Missa católica, obedece a um ritual onde, por razões que não interessa aprofundar, não há lugar a debate, donde, o assunto do Referendo, não pode nunca ser incluído -  a não ser que se altere o actual formato da Celebração e se crie um espaço extra com abertura suficiente para admitir o contraditório.

Por isso não ser exequível na prática,  é que o Papa sabiamente , fez um apelo à Igreja Católica portuguesa, para que não introduzisse o tema do aborto nas Missas.

Pelos vistos, pelo menos uma parte da Igreja não respeitou esse apelo , o que é lamentável e denunciador de como são frágeis os equilíbrios do poder a nível das instâncias religiosas...

É óbvio que se o episódio de Fátima tivesse lugar na minha Paróquia, eu próprio quebraria o protocolo e mesmo sem microfone - tenho voz suficientemente forte graças a Deus - faria ouvir o meu protesto e expressaria o meu ponto de vista - que por acaso é contrário ao da Igreja... 

A Igreja Católica portuguesa - pelo menos uma parte dela - tem que deixar de dar tiros nos pés e convencer-se de uma vez por todas, que sobre este assunto, como em relação a tantos outros, os católicos não pensam todos da mesma maneira. Basta olhar para a sondagem que está a ser divulgada pela TVI, em que o eleitorado do CDS/PP, apoia maioritariamente o SIM - sim, eu sei que é apenas uma sondagem!

A Despenalização é de facto um assunto importante, ninguém o nega!

O assunto tem de ser resolvido de uma vez por todas, é verdade!

Mas daí em transformar este tema numa guerra religiosa ou num assunto de Fé!...

É que às tantas, perde-se o controlo das massas e começam-se a acender fogueiras e a atirar gente lá para dentro!...

 

publicado às 14:44

IOHANNIS DIXIT...

D.João Miranda, Administrador Apostólico da Diocese do Porto, falou na sua homilia do dia de Natal, sobre o abôrto .

Pois... e melhor seria que o não tivesse feito - que um Bispo, mesmo que no papel de simples Administrador Apostólico, tem por vezes de se auto-impor alguma contenção verbal.

D.João Miranda, talvez num impeto momentâneo, talvez ainda - o mais provável - na tentativa de consolidar um lugar que ocupa apenas interinamente, pensou mais na hipotética vantagem que o impacto mediático das suas palavras lhe poderia trazer, do que no interesse mais geral dos católicos da sua Diocese - muitos dos quais, como eu, não se revêm minimamente nas suas referências aos "expostos" ou aos "meninos da roda".

Talvez valha a pena lembrar ao Senhor Bispo, uma regra elementar que ele seguramente conhece, mas de que se esqueceu na sua homilia de Natal:  falar em público, sobretudo para uma plateia que é multiplicada pelos microfones e câmaras de televisão presentes numa celebração solene como a do Natal, não é a mesma coisa que dissertar numa roda de amigos ou de  paroquianos conhecidos.

Depois, Senhor Bispo, o que está em causa no próximo referendo, não é aquilo que alguns em que se inclui uma certa Igreja retrógrada de que lamentavelmente parece fazer parte, querem fazer crer aos menos atentos: a liberalização do aborto!

O que vai ser referendado, é a despenalização da interrupção voluntária da gravidez !

Convenhamos, que até um Bispo menos atento, deveria saber encontrar a diferença entre uma e outra terminologia - porque no fundo , é a diferença entre a mistificação (no caso da primeira) e a verdade (contida na segunda).

Depois, Senhor Bispo, comparar uma situação de interrupção da gravidez - independentemente do que em teoria se possa  considerar como sendo o verdadeiro início da vida - ao abandono das crianças à porta da antiga Roda ou aos expostos, valha-me  Deus! Não havia necessidade...

Por outro lado, como pode a Igreja Católica arrogar-se o direito de atirar a primeira pedra às mães que por razões seguramente ponderosas e seguramente também, de forma profundamente dolorosa, se vêm obrigadas a interromper a sua gravidez?

É que a Igreja Católica, tem mantido até hoje (e não se vislumbra nenhum sinal de que venha a mudar de atitude) a sua recusa insensível em aceitar qualquer método contraceptivo - verdadeiramente entendido como tal!

Donde necessariamente se tem que concluir, que essa atitude sim, não fora o empenhamento dos Estados e da sociedade civil em geral, criando Instituições de acolhimento humanizado ou promovendo a adopção, conduziria de facto à multiplicação dos "expostos" e "enjeitados" de que ousa falar...

Depois, Senhor Bispo, um dos Direitos Fundamentais do ser humano, é o de nascer e viver no seio de uma família feliz e existem muitas e muitas situações - a maioria daquelas que em teoria podem ser passíveis de uma interrupção de gravidez não penalizável - que seguramente não cumprem este desiderato.

Termino, congratulando-me por me incluir no número dos católicos, que se sentem felizes por permanecer no seio de uma Igreja fraterna, amiga, solidária e não sectária nem fundamentalista - uma Igreja que nem sequer equacione o regresso aos tempos da "Santa Inquisição"!

Uma Igreja que espero sinceramente seja já - ou venha a ser muito em breve - maioritária  entre os católicos!

publicado às 14:08

DESPENALIZAÇÃO OU "LIBERALIZAÇÃO"?

Com a profunda revolta de quem, considerando ter um nível de inteligência dentro da média padrão, assiste nos últimos dias - e a propósito do próximo referendo sobre a Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez - a um autêntico massacre por parte de alguns pseudo- fazedores de opinião, vejo-me obrigado a regressar a um tema, sobre o qual eu julgava já tudo ter sido dito e só faltasse decidir em consciência...

É que a INTELIGÊNCIA senhores, é um bem a preservar e os vossos ataques demagógicos e manipuladores da verdade, exigem por parte daqueles que como eu não aceitam de forma pacífica a  excisão  da mesma, a adopção de contra-medidas defensivas!

Ouço-vos falar em liberalização do aborto, e revolto-me por nos tentarem vender a ideia, de que - caso vença o SIM - as mulheres que não querem ter filhos, se calhar porque é melhor para a saúde, vão deixar de tomar a pílula, usar o tampão ou o preservativo e vão passar - pasme-se! - a fazer abortos (sei lá, tipo aí um por mês, talvez...)

Utilizam a palavra liberalização e não DESPENALIZAÇÃO:  são foneticamente semelhantes e por isso mesmo, utilizam essa artimanha como forma de mais facilmente atingirem o vosso objectivo.

Existe no entanto um facto relevante nesta matéria, de que não se lembraram na preparação da vossa campanha: É que a mulher é dotada intrinsecamente de instinto maternal e não vai seguramente aceitar que tentem vender essa ideia, sem reagir!

É claro que estamos todos de acordo, em que devem ser dadas todas as condições - e ajuda - às mulheres que tendo ficado grávidas sem o desejarem, pretendam apesar disso, levar por diante essa gravidez !

Mas também é necessário que não se penalizem aquelas que, quantas vezes na sua solidão e sem o apoio de quem mais devia apoiar - o homem - decidem que o melhor é interromper!

E depois, ouço-vos ainda dizer - pasme-se! - que o Estado não pode apoiar esta atitude nem estas mulheres...

Mas o Estado não somos todos nós - e também essas mulheres?

Com franqueza, apetece-me por uma vez, fugir ao meu padrão e terminar de forma menos conveniente:

Se a liberalização de que falam tivesse existido aqui há uns quantos anos, provavelmente não estaríamos agora a ser bombardeados por tantos demagogos!

E agora que fui de facto INCONVENIENTE - foi uma espécie de grito de revolta... - peço-vos desculpa!

publicado às 10:46

DESPENALIZAÇÃO, REFERENDO & DEMAGOGIA...

Ontem, dia 4 de Dezembro e num dos meus raros momentos disponíveis para ver televisão durante o dia, apanhei uma parte do programa da Igreja Católica - Eclesia - transmitido pelo Canal 2 da RTP.

O formato era a entrevista e a entrevistada  (vejam só) uma mulher, pelo que percebi, responsável por uma Instituição particular de apoio a mulheres grávidas...

Muitas referências ao trabalho desenvolvido, que me pareceu meritório e merecedor de todos os elogios, críticas à falta de apoios, nomeadamente por parte do Estado, que também me pareceram justas, garantias de tudo continuar a fazer, para responder à procura de ajuda por  parte de muitas mulheres grávidas em desespero, com vontade de levar a gravidez por diante, mas muitas vezes sem o mínimo de condições para o conseguir sem essa ajuda...

Até aqui, totalmente de acordo. Uma gravidez, quando não planeada, ou resultante de situações em que a  vontade nem sempre está presente, mas que tendo acontecido, é assumida e passa a representar um objectivo da mulher, tem de ser sempre inteiramente apoiada!

O pior, foi a tirada seguinte  da distinta entrevistada:

" ...o aborto, nunca! A mulher tem que ser em primeiro lugar, responsável na sua sexualidade por forma a evitar uma gravidez não desejada, mas se ela acontece, já não lhe cabe a ela decidir..."

"...porque a nova vida que gerou, é autónoma e tem direitos próprios..."

"...porque em última instância, nunca poderia ser só a mulher a decidir (e então o pai?)..."

"...porque o que vai acontecer, é que vai disparar, o negócio das clínicas privadas..."

"...se o Estado, em vez de subsidiar as Clínicas e Hospitais que vão fazer abortos, nos desse esse dinheiro, se calhar poderíamos apoiar todas as mulheres grávidas em dificuldades ..."

E a senhora simpática, bem falante de rosto fresco e bem maquilhado continuou a discorrer, aparentando agora um total desfasamento relativamente ao verdadeiro drama, vivido essencialmente pelas mulheres e quase sempre em completa solidão, quando confrontadas com uma gravidez não desejada, muitas vezes até, imposta de forma violenta...

Se não fosse católico e  uma pessoa minimamente atenta e informada, ficaria com a ideia, que a senhora e a Igreja Católica são contra  Despenalização, porque disponibilizam às mulheres, todos os meios de informação e ajuda para que a gravidez não desejada não possa acontecer...

Pensaria por exemplo nos vários métodos contraceptivos (incluindo o uso do preservativo) aconselhados pela Igreja...

Mas sou católico e informado e conheço a posição da Igreja, desde logo, em relação ao preservativo, mesmo no que à prevenção das doenças sexualmente transmissíveis se refere...

E depois, a senhora não falou, porque politicamente incorrecto, no problema das adolescentes grávidas, meninas e mães ao mesmo tempo, sem o desejarem minimamente e quase sempre sem fazerem sequer ideia de como tudo aconteceu ...

Como não falou no drama daí resultante, dos avós que sem o desejarem, passam a ser "pais" do neto, enquanto a mãe continua os seus estudos  e a viver a sua vida de adolescente...

(Eu que trabalhei num Hospital Pediátrico, convivi no meu dia-a-dia, com muitos destes dramas: Os avós a acompanharem o neto internado enquanto a jovem mãe ia namorar ou divertir-se um pouco, como é normal nas jovens do seu escalão etário...)

E depois, confesso que me desagradou, ver num programa da minha Igreja Católica, fazer uma abordagem tão demagógica deste problema:

O que está em causa, não é o incentivo ao aborto, mas sim a sua despenalização no sentido de colocar em pé de igualdade a mulher rica que vai a Espanha fazer a interrupção da gravidez e a pobre, que actualmente, só pode recorrer à ajuda criminosa de alguém sem escrúpulos, num qualquer vão de escada...

E este processo, não invalida, nem pode,  que se disponibilize às mulheres grávidas toda a informação, todo o apoio e ajuda com vistas a uma gravidez, que apesar de todas as condicionantes que possam existir, elas desejem prosseguir!

Por isso, o que eu desejo (e julgo que como eu, a maioria dos portugueses) é que todo o processo que antecede o referendo, seja vivido de forma empenhada e militante pelos dois lados da trincheira mas sem demagogia e sobretudo, sem colocar rótulos às mulheres que quantas vezes ao longo da sua vida, é possível encontrar episodicamente de um ou outro lado dessa mesma trincheira sem que isso represente qualquer alteração da sua forma de pensar!

 

publicado às 14:30

DESPENALIZEM A LIBERDADE DE INFORMAR!

Apanhei há dias, em jeito de manchete num  dos telejornais, a referência à decisão tomada pela Rádio Renascença - Emissora Católica Portuguesa, de fazer campanha através dos seus microfones, contra a Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez...

Sou intrinsecamente ,  a favor das liberdades individuais legitimas, incluindo aquela que, neste contesto, diz respeito ao direito de dizer SIM ou dizer NÃO!

A Igreja Católica, porque faz parte integrante da nossa sociedade, onde tem o peso que todos lhe reconhecem, tem por isso, no exercício do seu Múnus Pastoral, o direito de intervir, orientando os seus fiéis no sentido do que lhe pareça ser mais justo.

Já todos sabemos que a posição da Igreja Católica é contra a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez e  ninguém estaria à  espera que em Portugal essa posição pudesse ser  diferente...

Até aqui, tudo dentro do expectável, assim como é expectável que nas homilias das missas dominicais, a mesma posição venha a ser defendida com mais ou menos vigor pelos Párocos, o que, tendo em conta o assunto de que se trata, não me choca absolutamente nada!

Não devemos aqui comparar a intervenção que a Igreja venha a tomar - e seguramente tomará - às posições adoptadas no decorrer de outros processos de  consulta Popular em que tomou partido de forma criticável,  relativamente a ideias e projectos políticos...

O que  me espanta, me deixa mesmo, verdadeiramente perplexo, é a posição assumida pelo Órgão de Comunicação da Igreja - a Rádio Renascença - onde esta posição vai ter de ser veiculada não por sacerdotes ou fiéis num contexto próprio, mas por jornalistas profissionais (sim porque eu julgo que a Informação da Rádio Renascença é assegurada por Jornalistas e não por comissários religiosos  a quem se dá um qualquer texto para ler, independentemente do que estes possam pensar sobre o mesmo!)

Confesso que sinto uma curiosidade enorme em saber como é que o órgão de Direcção vai proceder:

- Convocar uma Reunião Geral de Jornalistas para saber quem é a favor ou contra a despenalização, entregando a estes últimos a tarefa de transmitir aos microfones a POSIÇÃO OFICIAL?

- Decretar  pura e simplesmente que a partir do dia X, todos os jornalistas passam a ser obrigados a estar de acordo com a POSIÇÃO OFICIAL e a veiculá-la aos microfones?

Com franqueza e falando como católico, qualquer destas duas meras hipóteses colide com a minha consciência e mais do que isso, com a minha inteligência!

E porque não vislumbro uma terceira, só me resta um comentário:

"NÃO HAVIA NECESSIDADE..."

publicado às 21:49

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