VALONGO E AS HORTAS: BIOLÓGICOS BONS E 'BIOLÓGICOS' MAUS - TUDO A MONTE...
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Confesso-me um 'devoto' da agricultura biológica e empolgo-me sempre que encontro alguém que partilha do mesmo gosto - para trocar opiniões, para desfazer dúvidas, para desfazer alguns 'mitos urbanos' sobre a impossibilidade de produzir sem químicos e sem pagar royalties à Monsanto...
Às vezes dou comigo a sonhar com uma casa pré-fabricada minimalista mas confortável, de um único piso, no meio (ou num estremo, ou num canto) de um espaço generoso de terreno, com muitas árvores de fruto, espaço de cultivo bastante e - porque não? - também de lazer, galinhas, dois ou três cães e outros tantos gatos, uma ou duas cabras e se pudesse ser, também um burro - um burro daqueles que não falando também não dizem asneiras, bem burro portanto e no bom sentido do termo - todos em liberdade mas evidentemente do lado de dentro de uma vedação capaz de lhes limitar a ânsia de liberdade em excesso.
"Se me saísse o Euromilhões", costumo eu dizer, sabendo à partida que esse é um sonho (quase) irrealizável, dado que me esqueço (quase) sempre de jogar...
É fácil de imaginar portanto que foi com alguma satisfação que registei em 2014 a inauguração daquela tão badalada Horta Biológica da Ponte da Presa em Valongo. Por tabela, senti-me um pouco na pele daquelas dezenas de munícipes a quem foi atribuído o respectivo talhão (entre muitas outras dezenas de outros que não tiveram a mesma sorte).
Mas como acontece com tantas outras coisas lançadas com a pompa e circunstância do costume por este executivo, também neste caso o 'viço' inicial das hortas e dos legumes foi definhando - e não falo do definhamento sazonal inevitável mas daquele que resulta do desleixo e do abandono.
Por tudo isto, será fácil de concluir que não gostei nada de olhar hoje para a dita 'horta', do lado de fora da rede como simples mirone mas com ganas de me fazer às infestantes de sachola e ancinho e capaz de as estraçalhar todas!
Pode até ser biológica, como testemunham aliás as ditas 'gritando' a quem passa do lado de cá da rede: "olhem p'ra nós aqui, robustas e vivinhas da silva, sem pesticidas nem químicos!" - mas também sem cuidado humano equivalente, digo eu.
Para ajudar a embelezar o 'idílico' local nem sequer falta um ribeiro (nada) biológico e um montão de 'restos de luz' do último Natal.
Não tenho presente o regulamento da Horta e também não sei se existem mais munícipes em 'lista de espera', mas em todo o caso algo deveria ser feito.
Penso eu de que...