VALONGO - UMA HISTÓRIA DE 'MADRASTAS'...
Já o disse várias vezes, mas vou relembrar: o Natal diz-me muito pouco...
Falo obviamente do Natal do frenesim das compras, da fúria consumista, das extensas listas de prendas que se dão para retribuir as que se recebem ou pior, para 'obrigar' aqueles a quem as damos a retribuírem-nos com 'juros'.
Não pertenço portanto a este filme...
Mas gosto daquela parte do Natal em que se constroem presépios à medida da imaginação de que acredita no milagre, da magia da lareira acesa e das sombras bailarinas das chamas no tecto da sala ou da cozinha, da anulação de distâncias entre familiares - distâncias em quilómetros, em qualidade da confraternização ou outras...
E gosto também de ver as comunidades - população, associações de moradores, comerciantes, autarcas - envolverem-se num esforço à medida de cada núcleo, para darem um aspecto mais festivo ao local onde vivem ou trabalham.
Lamentavelmente, este ano na minha terra de quase 30 anos - Alfena - não vemos nas nossas ruas e nas muitas rotundas que por aqui se foram construindo nenhum dos sinais de Natal que com simplicidade e modéstia de meios se foram dando em anos anteriores.
Sinais da crise dirão muitos, o que não deixando de ser verdade sinaliza também de forma bem mais preocupante o recente corte de relações entre a Junta de Freguesia e a AVA (Associação Viver Alfena).
Pelos vistos a ocorrência deste facto não se limitou ao despejo da nossa IPSS das instalações que ocupava no Centro Cultural, nem ao confisco das viaturas que utilizava na sua meritória actividade...
E porque um mal nunca vem só, registamos também este ano uma atitude da nossa Câmara Municipal que se pode comparar à da madrasta má que gasta o dinheiro que não tem para aperaltar a 'filha querida' enquanto a enteada Alfena (e Campo e Sobrado também) fica entregue a si própria a ver as luzes e a ouvir a música natalícia à distância - literalmente!
Sim, este ano, aqui ao lado em Ermesinde há iluminações e música natalícia pagas pela Câmara e não pelas Associações de comerciantes!
O mínimo que se pode dizer de tudo isto, é que este ano em Valongo o Natal de rua foi muito pouco solidário e que as diferenças entre os filhos e os enteados da 'madrasta má' se agravaram.